terça-feira

O acidente nuclear de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia

Nota prévia: Foi há 30 anos, em Chernobyl, na Ucrânia. Este acidente nuclear, o maior da história deste género, suscita meditação atenta entre nós, até porque a sociedade portuguesa - recorrentemente - discute a vantagem da geração de energia do nuclear como forma de produção de energia alternativa, e a central de Almaraz, em Espanha (na Província de Cáceres) fica aqui tão perto. Se houver uma explosão lá, por força atmosférica dos ventos, bastam uns minutos para a contaminação se operar e fazer os seus estragos nas populações, nos solos e nas generalidade das infra-estruturas, rios e nos animais, enfim, em toda a vida humana, biológica e animal em Portugal (e noutras regiões envolventes). Neste livro, autora, Svetlana Alexievich chama a atenção do drama que foi o acidente, das mortes que ele provocou, dos impedimentos e dos sofrimentos que gerou, 3 décadas de depois, e, pasme-se, da forma como a Comunidade internacional tem tratado aquelas populações completamente desprezadas e entregues à sua sorte. Isto revela bem a crueza da humanidade, provocada por um conjunto de violações de procedimentos de segurança, como sinalizámos abaixo na explicação mais técnica do sucedido (a amarelo), no longínquo ano de 1986. 

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No ano de 1986, os operadores da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, realizaram um experimento com o reator 4. A intenção inicial era observar o comportamento do reator nuclear quando utilizado com baixos níveis de energia. Contudo, para que o teste fosse possível, os responsáveis pela unidade teriam que quebrar o cumprimento de uma série de regras de segurança indispensáveis. Foi nesse momento que uma enorme tragédia nuclear se desenhou no Leste Europeu. (link)

Entre outros erros, os funcionários envolvidos no episódio interromperam a circulação do sistema hidráulico que controlava as temperaturas do reator. Com isso, mesmo operando com uma capacidade inferior, o reator entrou em um processo de superaquecimento incapaz de ser revertido. Em poucos instantes a formação de uma imensa bola de fogo anunciava a explosão do reator rico em Urânio-235, elemento químico de grande poder radioativo.

Com o ocorrido, a usina de Chernobyl liberou uma quantidade letal de material radioativo que contaminou uma quilométrica região atmosférica. Em termos comparativos, o material radioativo disseminado naquela ocasião era assustadoramente quatrocentas vezes maior que o das bombas utilizadas no bombardeio às cidades de Hiroshima e Nagasaki, no fim da Segunda Guerra Mundial. Por fim, uma nuvem de material radioativo tomava conta da cidade ucraniana de Pripyat.

Ao terem ciência do acontecido, autoridades soviéticas organizaram uma mega operação de limpeza composta por 600 mil trabalhadores. Nesse mesmo tempo, helicópteros eram enviados para o foco central das explosões com cargas de areia e chumbo que deveriam conter o furor das chamas. Além disso, foi necessário que aproximadamente 45.000 pessoas fossem prontamente retiradas do território diretamente afetado.

Para alguns especialistas, as dimensões catastróficas do acidente nuclear de Chernobyl poderiam ser menores caso esse modelo de usina contasse com cúpulas de aço e cimento que protegessem o lugar. Não por acaso, logo após as primeiras ações de reparo, foi construído um “sarcófago” que isolou as ruínas do reator 4. Enquanto isso, uma assustadora quantidade de óbitos e anomalias indicava os efeitos da tragédia nuclear.

Buscando sanar definitivamente o problema da contaminação, uma equipe de projetistas hoje trabalha na construção do Novo Confinamento de Segurança. O projeto consiste no desenvolvimento de uma gigantesca estrutura móvel que isolará definitivamente a usina nuclear de Chernobyl. Dessa forma, a área do solo contaminado será parcialmente isolada e a estrutura do sarcófago descartada.

Apesar de todos esses esforços, estudos científicos revelam que a população atingida pelos altos níveis de radiação sofre uma série de enfermidades. Além disso, os descendentes dos atingidos apresentam uma grande incidência de problemas congênitos e anomalias genéticas. Por meio dessas informações, vários ambientalistas se colocam radicalmente contra a construção de outras usinas nucleares.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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