sábado

O drama dos Panama papers e a alimentação do capitalismo desenfreado


Algumas notas acerca desta orgia hiper-capitalista que alimenta o mundo do crime, da evasão fiscal, do tráfico de armas, pessoas e órgãos e constitui um suplemento vitaminado do terrorismo globalitário que está literalmente a destruir o Ocidente europeu e a sua civilização nos nossos dias:

1. Já se percebeu que os jornalistas (via Consórcio) que está na posse da informação das pessoas e empresas ligadas à criação e uso e abuso das offshores (e seus parceiros nos vários países) estão a libertar o nome das identidades dessas pessoas a conta-gotas, o que configura uma gestão política desses casos. Ou seja, tudo é político, até a gestão da informação racionalizada pelos jornalistas que em Portugal têm essa informação e a vão utilizando cirurgicamente;

2. Os partidos fortes do chamado arco da governação, PS e PSD, tendem a mexer-se em ordem a que tudo fique mais ou menos na mesma, e por razões identitárias que relevam da composição sociológica das suas elites e estruturas e quadros dirigentes. Dentro e fora das máquinas partidárias;

3. O dinheiro gera dinheiro, e quem o tem usa-o em seu proveito criando estruturas, esquemas e expedientes que estão milhas à frente da lei a fim de multiplicar esse valor, ainda que nas margens da lei. E é em função dessa lei sociológica que os agentes políticos acabam por obedecer e agir, quer no plano legislativo, quer no plano eminentemente político. A essa luz todos somos, mais ou menos, (neo)marxistas.

Só que para uns esse mesmo capitalismo cede a corda com que algumas pessoas se enforcam; para outros, ao invés, essa corda é utilizada para criar nós e pontes criativas para sofisticar os mecanismos de evasão de capitais e de ocultação de património que serve de base à alimentação dessa mega-máquina esfomeada que é, e sempre foi, o capitalismo transnacional. 

Pior mesmo é quando estão reunidas nas mesma pessoas, como em Putin, por ex., inúmeras dessas dimensões poderosas que tecem os perigosos fios que alimentam o capitalismo global do nosso tempo.

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