Gente feliz com lágrimas. O nosso zeitgeist
Evoco este título, e o seu autor, porque o livro, enredo à parte, me parece ser o que mais eficientemente define hoje a personalidade colectiva do povo português. Um povo humilhado, sofrido, fiscalmente esbulhado e, apesar de tudo isso, continua a dar a cara para continuar a levar mais serrafada.
- Somos assim, gente feliz com lágrimas...
Gente Feliz com Lágrimas conta a história de Nuno Miguel, um açoriano que foi viver para o continente para ingressar num seminário e, assim, fugir do inferno que era viver em casa. Neste romance começamos por conhecer a visão da infância de Nuno Miguel e de dois outros dos seus irmãos, Maria Amélia e Luís Miguel. É através destes capítulos que descobrimos a violência da infância de Nuno Miguel e os irmãos; obrigados pelos pais a fazer trabalhos pesados, batidos pelos pais, comendo pouco e mal, crianças que se tornaram adultas cedo demais e que ficaram traumatizadas para sempre. Descobrimos também a ida de Nuno Miguel para o seminário e ida de Maria Amélia para o convento e depois para a escola de enfermagem. Os dois são humilhados e submetidos a uma vida de contenção tanto no seminário como no convento que os dois acabam por abandonar (Nuno Miguel sendo expulso). É-nos depois contada a saída de Nuno Miguel do seminário, a ida para Lisboa, começando aí a sua transformação. Nuno Miguel começa a interessar-se por política; estamos na época da ditadura do Estado Novo e Nuno Miguel junta-se à oposição - o seu desejo é ser um preso político. Começa também a revelar-se a personalidade literária e filosófica de Nuno Miguel.
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