Espaço do Invisível - Vergílio Ferreira -
Nota prévia: Estas breves considerações do autor sobre a arte espelham a sua cultura filosófica e sociológica que lhe permitiu "ver claramente visto" um conjunto de coisas através da consideração da arte: que o mundo é feito de subjectividades, o que aprendemos com Kant; que não há neutralidade absoluta, o que aprendemos com Max Weber; e que tudo o mais, em particular nos domínios da literatura e das artes, decorre de actos de pura imaginação e de invenção da mente, os quais terão tanto mais sucesso quanto maiores forem as suas conexões com a realidade do tempo que procuram reflectir. Seja no mundo físico, seja no mundo dos comportamentos humanos em que, por ex., Eça foi genial - como cita Vergílio. Este foi, para alguns, o princípio de tudo. Razão por que deve ser cultivado, acarinhado e promovido.
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O Mundo Nunca Se Vê de Modo Objectivo
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A presença do artista esquece-se, como se o artista fôssemos nós - e um artista inconsciente. E é só ao choque de uma visão original que nós despertamos para uma visão diferente e sentimos que é diferente essa visão: consubstanciada connosco, ela será de novo nossa.
A mesma recuperação de uma visão original se opera na própria recuperação de uma obra de arte: a visão do mundo realizada pode passar-nos despercebida. É a recuperação dessa visão que define a descoberta de um artista esquecido - e, através dele, do mundo que nos reinventara.
Vergílio Ferreira, in 'Espaço do Invisível I (Vida, Arte)'
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