O padrão cultural ocidental e islâmico: dois mundos em confronto
O padrão cultural ocidental está estruturado em razão da distinção essencial entre o ser e o não-ser, a questão primitiva que forma a raiz do modo de relação ocidental com os objectos que observa, e donde derivam as suas características experimentais, as suas produções tecnológicas que prometem o domínio da natureza, e a sua qualidade crítica e reflexiva, onde a verdade não decorre de uma revelação, mas sim a adequação ao real, sempre dependente da confirmação da sua racionalidade através de conjecturas e de refutações, ou seja, através da repetição dessa experiência do conhecimento feita por observadores independentes.
- O padrão cultural islâmico - apresenta um outro tipo de contraste radical na sua relação com a observação e com a produção de conhecimento, ou seja, a sua subordinação a uma revelação divina restringe a validade dos produtos do conhecimento à sua conformidade com a palavra divina tal como ela foi transmitida pelo profeta. Trata-se, pois, duma cultura de revelação, onde o texto divino - mesmo com leituras deliberadamente deturpadas para facilitar o caminho de doutrinação conducente à violência feita pelos mais jovens e seduzidos pela "causa" (de criação do Califado e de destruição da América e do Ocidente) - é mais real do que a realidade da natureza e dos factos. Pois tudo o que acontece - incluindo actos de terrorismo - é o que decorre da vontade da divindade - uma divindade que, portanto, permanece presente e interactuante - e acaba por ser o detonador dos acontecimentos.
São, portanto, estes dois modelos e padrões culturais que estão em contraste há décadas, sem que um tenha ainda conseguido derrotar o outro, ainda que o Ocidente disponha de dinheiro, tecnologia, capacidade de planeamento militar e poder muito acima dos meios ao dispor dessas novas elites bárbaras que vivem para planear ataques terroristas nas cidades europeias e do outro lado do Atlântico, nos EUA, cujas políticas consideram estar na origem da ocupação dos territórios do Médio Oriente e que constitui uma das principais causas deste conflito entre os dois mundos.
Um conflito a que, lamentavelmente, a ONU, a única organização verdadeiramente global, está cada vez mais arredada na busca das políticas e esforços para a sua solução. O que vem colocar a premente questão da (sempre adiada) reforma da ONU, e o combate ao terrorismo globalitário seria uma grande oportunidade para desenvolver essa emergência.
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