quinta-feira

A ausência de remorso e de arrependimento na teoria do crime


O delinquente, segundo Lombroso,  não é apenas alguém que violou as regras, na realidade, ele integra uma subespécie primitiva de homo sapiens. O criminoso-nato teria um cérebro relativamente pequeno, maxilares enormes e lábios carnudos, um queixo recuado, arcadas supraciliares salientes, braços muito longos, órbitas excessivamente grandes e cabelo farto. A fisionomia dos criminosos varia também segundo os crimes cometidos. 

- O homicida teria olhos frios, maxilares muito longos, nariz adunco e caninos muito desenvolvidos. O ladrão teria olhos pequenos, móveis e inquietos, sobrancelhas espessas, nariz achatado e fronte fugidia.
- Todavia, o retrato psicológico é menos fantasista. O criminoso sofre duma insensibilidade que atrofia os seus sentimentos de piedade e de compaixão; é marcado pela ausência de remorso, pela impulsividade que manifestou numa determinada conduta, imprevidência, egoísmo, crueldade, vaidade, indolência, e até superstição. 
- Na hora das sentenças os juízes, regra geral, perguntam ao réu se está ARREPENDIDO do crime que cometeu. Os mais pérfidos e vis, mostram sempre uma tremenda insensibilidade pelos danos que provocaram em terceiros, i.é, não se revelam arrependidos, e é essa circunstância que revela não só a inevitabilidade do agravamento da pena, como também denuncia a falta de compaixão por aqueles a quem ceifaram a vida. 
- Mutatis mutandis, quando um agente político, já decadente e em fim de carreira, mistura aquilo que designa de interesse nacional com os seus preconceitos, a sua ideologia, as suas crenças, o seus sistema intelectual de justificação, a sua cosmovisão, os seus gostos e preferências pessoais, enfim, os seus ódios de estimação mais não faz do que assumir, de modo equivalente, a insensbilidade e a frieza do criminoso, que após ter cometido um crime não revela qualquer arrependimento pelo malfeito à sociedade. 
- É nestes casos que a sociedade também tem o dever de saber lidar com esse tipo de gente, com esses neo-criminosos da polis que olham como se fosse um prolongamento do seu quintal. 

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