sábado

André Carrilho vence World Press Cartoon

Nota prévia:  Este excepcional ilustrador está de parabéns. Especialmente, porque sabe conciliar as questões da techné que domina (ilustração) com as questões sociais, económicas, políticas e de natureza cultural que afectam as pessoas conforme vivam no continente africano ou europeu ou norte-americano. André Carrilho põe o dedo na ferida através da sua arte, e por ela denuncia uma forma tendenciosa, segmentária, discricionária de os media fazerem a cobertura a questões de saúde pública que são da maior gravidade nas sociedades contemporâneas. Era o que faltava um ilustrador "virar" formador de jornalistas, mas em inúmeros casos podia muito bem ser...

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André Carrilho vence World Press Cartoon


O ilustrador português André Carrilho recebeu este sábado ao início da noite em Cascais o Grande Prémio da edição de 2015 do World Press Cartoon (WPC). A escolha do júri presidido pelo organizador, o cartoonista António Antunes, recaiu sobre um trabalho de Carrilho para a edição de 10 de Agosto de 2014 do Diário de Notícias. Nele este autor que colabora regularmente com publicações internacionais como as revistas Vanity Fair e The New Yorker ou o diário The New York Times expõe - e critica duramente - a atenção diferenciada com que a comunicação social trata a epidemia de ébola em África e os casos de contágio que chegaram à Europa e aos Estados Unidos.
Carrilho, nome obrigatório quando em Portugal se fala de ilustração para a imprensa, já tinha visto este cartoon agora seleccionado tornar-se viral, intensamente partilhado e debatido nas redes sociais.
“Parece-me que a atenção que se dá às epidemias nos media ocidentais não tem a ver com uma medida universal de sofrimento humano, mas com a maior ou menor possibilidade de nos atingirem"disse ao PÚLICO em Outubro do ano passado. "Os meios de comunicação social tendem a passar de alguma indiferença para a sobreexposição e pânico, sem nunca deixarem de tratar o assunto numa perspectiva que opõe 'eles' [África] a 'nós' [EUA e Europa]."
Nesta edição do WPC muitos são os outros autores premiados e distinguidos com menções honrosas em categorias como Caricatura, Desenho Editorial ou Desenho de Humor. Vêm do Brasil, Bulgária, França, Grécia, Irão, México, Portugal e Suécia.
Michael Kountouris, um veterano que já foi Grande Prémio WPC em 2013, está entre eles. Desta vez é no Desenho de Humor que se destaca, com um cartoon alusivo à crise grega, como não poderia deixar de ser. A portuguesa Cristina Sampaio também abordou a epidemia de ébola e isso valeu-lhe uma menção honrosa (Desenho Editorial). Na Caricatura o primeiro prémio foi para o brasileiro Cau Gomez, com um Papa Francisco a "venerar" a megaestrela do futebol mundial Lionel Messi. 
Além de António Antunes, o júri desta edição do WPC incluiu Firoozeh Mozaffari (Irão), Augusto Cid (Portugal), Xaquín Marín (Espanha) e Agim Sulaj (Albânia).
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