Uma democracia a sério por VIRIATO SOROMENHO MARQUES
As reclamações de fundos britânicos e holandeses prosseguem nos tribunais, mas em referendo os islandeses disseram "não", e o primeiro-ministro Gunnlaugsson explica, com candura, que a dívida dos bancos "não é dívida pública, e nunca o será". Recusando totalmente a austeridade, a Islândia atravessou a tempestade. Em dois anos perdeu 8% do PIB e viu o desemprego subir até 11,9%. Mas, em 2011 começou a colher os frutos de ter confiado no seu povo. A desvalorização da coroa ajudou à explosão do turismo (cresce anualmente a 20%), as exportações de bacalhau e alumínio prosseguem em ascensão. Os islandeses reaprenderam a frugalidade (que é a austeridade voluntária da decisão ética, e não a pobreza imposta pela troika), mas apostaram mais do que nunca na defesa do seu Estado social, que em 2014 absorveu 43% da despesa pública.
O desemprego está nos 4% (contra 12,1% na zona euro),e em breve baixará para 2%.A taxa de crescimento é de 2,7%, bem acima da média da OCDE (2,3%). Alguém se admira que uma nação vigorosa tenha desistido de integrar essa balbúrdia em que se transformou a UE? A nossa fatigada Europa esqueceu a voz do cidadão, e parece já não atrair ninguém. Nem os relojoeiros suíços nem os pescadores islandeses. Apenas mete medo. Muito medo.
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Obs: Medite-se na importante lição islandesa e na forma como inverteu a sua precária situação perante a crise financeira que a atingiu em 2008.
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