quinta-feira

O dever de explicitar de António Costa



Sabe-se que um governo se deve preocupar especialmente por obter o consentimento da opinião pública, pois para ser justo, não basta praticar o bem, é igualmente necessário que o povo disso seja convencido. Esta foi uma regra de ouro compreendida por Napoleão, a qual fundou a força na valor da própria OPINIÃO. 

Ora, a opinião de António Costa - falando para empresários chineses - foi dizer o óbvio: os chineses aportaram investimentos importantes a Portugal (seguros, energia, habitação, banca, saúde, etc) que se revelaram úteis ao desenvolvimento de certos sectores da nossa economia. Contudo, e foi isto que faltou explicitar, o país não mudou na sua estrutura económica e no seu tecido social, pois conta com os mesmos problemas desde 2011, hoje ainda mais agravados: mais desemprego, mais dívida pública (130% do PIB), mais insolvências, mais impostos e penhoras, mais emigração, mais desigualdades sociais, mais pobreza...

Eis a realidade nua e crua que jamais poderá ser escondida atrás de estatísticas manipuladas, como o XIX Governo (in)Constitucional tem feito com os números do desemprego.

Seria isto, ressalvando a importância parcelar do Investimento Directo Estrangeiro (chinês) em Portugal - que o candidato a PM pelo PS deveria ter explicitado, e não que o país está "diferente" - leia-se, estruturalmente melhor - só por causa do investimento chinês, como se depreende das suas incompletas declarações.

Costa só pecou porque não completou o seu raciocínio, e não porque evocou o mérito dos capitais chineses, que são um facto.

Creio, pois, que se impõe a António Costa este breve dever de esclarecimento procurando, assim, recontextualizar o que pretendeu dizer e, de facto, não disse - prestando-se depois a leituras abusivas com vista a "matá-lo" politicamente, que é o objectivo supremo desta contra-natura coligação (cds-psd) que receia o peso das sondagens nas intenções de voto dos portugueses, e que neste momento dão 10 pontos de avanço ao PS. Ou davam...

Por último, importa reconhecer mais duas notas: uma para salientar que os assessores de A.Costa deverão conseguir fazer algo mais por ele do que sombra; a segunda nota prende-se com o facto de reconhecer que a propaganda dos amigos de Paulo Portas, esse clube fechado que vale 5 ou 6% nas intenções de voto - são mais eficazes na técnica e arte da propaganda e a (tentar) dirigir a opinião pública num certo sentido, do que em governar, algo que os deveria verdadeiramente preocupar. 

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