quarta-feira

Ricardo Salgado tinha o canal aberto: financiava campanhas, tinha audição presidencial

Salgado pediu em maio ajuda a Cavaco


Banqueiro enviou à comissão de inquérito memorando que apresentou nas reuniões que teve com responsáveis políticos no pico da crise do banco. Entre eles, o Presidente da República.




Em maio de 2014, num dos momentos mais críticos da crise do universo Espírito Santo, Ricardo Salgado pediu ajuda aos principais responsáveis políticos do país para salvar o banco e o Grupo Espírito Santo, entre eles o Presidente da República. Objetivo: conseguir desses dignitários "apoio institucional" e "confiança nos planos de recuperação apresentados na área das relações institucionais e/ou internacionais e no relacionamento com os reguladores internacionais".

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Obs: Qualquer banqueiro tem sempre o canal aberto com Belém e S. Bento, eles são o sistema de garantias financeiras que permite ao poder respirar nos momentos de maior complexidade e assegurar o funcionamento duma economia em regime capitalista. Sucede, porém, que a situação no GES/BES inverteu-se - e foi Belém quem passou a representar esse sistema de garantias políticas que permitia ao GES continuar a desbunda praticada há uma década, ou seja, tapar buracos/dívidas das empresas do sector não financeiro do BES à custa do dinheiro dos clientes - que ficaram lesados e alguns na miséria. 

Grave não é um banqueiro ter o canal aberto com as instituições políticas, grave é Ricardo Salgado financiar sistematicamente as campanhas eleitorais de Cavaco Silva e utilizar essa vantagem pessoal para pedir ao PR que interferisse junto dos reguladores e, assim, cometer vários ilícitos. Por isso não surpreende que o PR, no Verão de 2014, tenha vindo a terreiro assumir o papel de notário para certificar as aplicações financeiras do BES e, desse modo, iludir milhares de clientes - particulares e institucionais - a investir num banco falido e que não hesitava em praticar actos fraudulentos para continuar a ocultar a dívida perante as instituições de regulação, designadamente BdP e CMVM, esta estranhamente marginalizada em todo esse processo.

Cavaco, na prática, foi cúmplice duma mega-fraude financeira que arruinou milhares de pessoas e de empresas. Não é isto que se espera de um PR, que até poderá incorrer em responsabilidade civil e criminal. 

Para quem tinha dúvidas, foi para isto que os portugueses elegeram um PR, o qual depois se tornara porta-voz não oficial de Ricardo Salgado.

Numa palavra: uma vergonha. 

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