terça-feira

João Cravinho: “A corrupção em Portugal é uma questão tumular, dos cemitérios”




João Cravinho é o ex-ministro das Obras Públicas que em 2006 afirmou que Portugal se estava a “italianizar” e em 2007 apresentou um pacote anti-corrupção que foi rejeitado. Agora mostra o seu espanto: “Como é que é possível que as instituições democráticas estejam como os três macaquinhos, cegas, surdas e mudas? O povo português merece mais do que isto!  Nós, que nos orgulhamos dos nossos índices civilizacionais, como é possível vivermos assim?”. O ex-ministro das Obras Públicas constata que “em Espanha, Itália, até no Brasil, a corrupção é questionada, problematizada. Aqui é tumular, é de cemitérios”.
Em declarações ao i, João Cravinho defende “um pacto constitucional contra a corrupção” entre os partidos. “A ideia de que a corrupção é uma questão de polícia é de uma indigência política e de uma irresponsabilidade política que eu não compreendo”. Esta reacção “tumular” à corrupção pode “ter efeitos explosivos para o funcionamento da sociedade”: “Reduzir a corrupção a um caso de polícia é uma coisa de um primitivismo ao nível do homo erectus”.
Condenando a “débil reacção dos partidos políticos e das instituições democráticas” perante o fenómeno – “querem varrer tudo para debaixo do tapete” – João Cravinho afirma que “às suspeitas que toda a gente tem de que estamos só a conhecer a ponta do icebergue”, as instituições dão uma resposta “impotente” e “não se empenham tanto quanto se deviam empenhar”.
Em 2006, João Cravinho falou pela primeira vez da “italianização do regime”: “A ideia que eu tenho agora é que, de facto, estamos hoje muito mais perto dessa italianização do que há oito, nove anos”.

O ex-ministro aponta o despacho de arquivamento do processo dos submarinos: “Ficou clara a incapacidade do Ministério Público para provar o que o sistema judicial alemão provou, referindo-se a Portugal. [...]

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Obs: Medite-se nas palavras e nas intenções de João Cravinho e no modo como foram esquecidas ou secundarizadas dentro do seu próprio partido. O que indicia não haver uma verdadeira e efectiva intenção de expurgar a corrupção - ou limitar os seus efeitos - entre nós. 

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