quinta-feira

O Parlamento trata o Contabilista como um deus olímpico que mora num Palácio


EIS O DEUS OLÍMPICO QUE BEBE NÉCTAR, COME ALIMENTOS EXCLUSIVAMENTE DIVINOS E MORA NUM PALÁCIO QUE ULTRAPASSA O CÉU. O ZÉ POVINHO, AS USUAL, PAGA ESTA DESBUNDA TODA...

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O contabilista prestou-se a ir ao Parlamento a fim de dar esclarecimentos à CPI ao caso GES/BES. Uma prestação que se revela fundamental para compreender muita coisa acerca do que se passou e que ainda se encontra no biombo dos factos não revelados. Dele depende as respostas que explicarão o buraco financeiro em que o BES caiu e como foi ocultando todo esse brutal passivo mediante sucessivas "contabilidades criativas" - iludindo assim as autoridades de regulação, ou seja, os polícias dos mercados: BdP e CMVM. 

Portanto, o assunto tem manifesto interesse público, envolveu a falência de milhares de credores/clientes do banco - particulares e institucionais -, a economia nacional acabou por sofrer esse impacto negativo e, provavelmente, os portugueses serão chamados a pagar mais impostos por causa dessa mega-fraude económico-financeira.

Perante isto, o "contabilista" vai ao Parlamento e impôs os termos da sua audição, ou seja, que a mesma seja realizada à porta fechada, fora dos olhares das câmaras e distante dos jornalistas e da opinião que dessa prestação, que tem interesse público (sublinho) - a opinião pública possa fazer.

Em face destes factos, o Parlamento, que é um órgão de soberania, jamais deveria ter aceite os termos dessa audição à porta fechada, especialmente para proteger um pessoa que concentra em si "segredos" que envolvem manifesto interesse nacional, até por respeito aos credores do banco que hoje se encontram em dificuldades, pois querem recuperar os seus créditos e poupanças e não o conseguem fazer por falta de liquidez de um banco cuja gestão de topo, o que envolve Ricardo Salgado e o sr. Contabilista - Francisco Machado da Cruz - cometeu actos que configuram ilícitos e devem ser devidamente responsabilizados e criminalizados.

O curioso neste processo, senão mesmo problemático e caricato, é que o Parlamento tem auditado todos os intervenientes neste lamentável e fraudulento processo, mas verga-se perante a vontade de um contabilista como se este fosse um deus invisível a quem a República concede um estatuto especial de invisibilidade e anonimato. 

O Parlamento vai pelo mau caminho ao tratar assim Machado da Cruz, como se este fosse um deus olímpico que mora num palácio construído no topo do monte Olimpo, uma montanha que ultrapassa o céu, fazendo dele um ser especial que bebe néctar e come alimentos exclusivamente divinos.

Creio que a concessão deste privilégio a um homem cuja "virtude" (ou crime!!!) tem sabido ocultar milhões de euros ao serviço do GES/BES - representa um mau exemplo para a democracia pluralista e o estado de direito. 

Mas alguém vai pagar este privilégio dos deuses, e, como sempre, está-se mesmo a ver quem é...

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