quinta-feira

Concluída a edição da obra integral do Padre António Vieira

Concluída a edição da obra integral do Padre António Vieira


Depois de mais de “15 tentativas falhadas” desde 1851, a obra integral do Padre António Vieira chega finalmente ao público. O lançamento é dia 3 de dezembro, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa.
Depois de mais de “15 tentativas falhadas” desde 1851, a obra integral do Padre António Vieira chega finalmente ao público. O lançamento é dia 3 de dezembro, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa. /  D.R.

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A apresentação científica da obra vai ser feita pelos professores Carlos Reis, da Universidade de Coimbra, Eduardo Lourenço, da Fundação Calouste Gulbenkian, e Viriato Soromenho-Marques, da Universidade de Lisboa. O ator Júlio Martín encenará um sermão de Vieira, não se sabe qual, numa sessão marcada também pela participação da Orquestra Académica da Universidade de Lisboa. 
Iniciada em 2012, sob a direção de José Eduardo Franco, diretor do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CLEPUL), e Pedro Calafate, professor na mesma instituição, a obra completa do jesuíta António Vieira, que o poeta Fernando Pessoa considerava o imperador da língua portuguesa, reúne não só textos já publicados em edições parciais como manuscritos inéditos, procurados em bibliotecas e arquivos em Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, França, no Brasil e nos Estados Unidos.
Apresentado como um projeto inédito - em 1851 foi feita a primeira de "quinze tentativas falhadas" para publicar tudo o que Vieira escreveu, entre sermões, textos proféticos, escritos políticos, poesia, teatro e outros textos -, o trabalho contou com o apoio da Santa Casa de Misericórdia (principal mecenas), da Universidade de Lisboa, de instituições académicas e culturais de Portugal e do Brasil e do Círculo de Leitores, ediora responsável pela publicação da obra em tiragens de 10 mil exemplares por volume.
A edição da obra integral do padre António Vieira, "o maior orador português de todos os tempos", assim descreve a nota de imprensa, pretendia "colmatar uma grave lacuna da nossa cultura" e disponibilizar ao grande público a obra de um pensador "cujos textos ainda revelam uma grande atualidade no plano da sua reflexão sobre os Direitos Humanos, a paz, a crítica à corrupção, o diagnóstico que faz aos problemas estruturais perenes de Portugal e as soluções que apresenta para tornar o nosso país mais empreendedor".
Com esta obra integral, "Vieira torna-se novamente, como acontecia com os seus textos publicados avulso no século XVII, um best-seller", refere a nota de imprensa. 
O projeto, que não termina com o lançamento no dia 3 de dezembro, prevê ainda a preparação de um dicionário intitulado "Dicionário Multimédia de Vieira" e a tradução e edição da obra do jesuíta em 12 línguas: inglês, francês, espanhol, italiano, russo, mandarim, japonês, árabe, polaco, alemão, holandês e búlgaro.
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Obs: Pessoa tinha razão ao chamar a Vieira - o imperador da língua portuguesa. Nunca se enganou. Quando se cita Vieira, só mais três outros escritores portugueses podem ser evocados - em linha: Camões, Pessoa, Eça e talvez Camilo. 
O legado de Vieira é múltiplo e denso. Um exemplo de grandeza, de cultura, enfim, ele próprio um marco civilizacional. É uma pérola num Portugal decadente e a definhar. 
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