terça-feira

Quem com ferros mata...


O juiz Carlos Alexandre invocou todos os três motivos previstos na lei para justificar a prisão preventiva de José Sócrates, avança a edição online do Diário Económico.

O Tribunal Central de Instrução Criminal considerou não só existir perigo de perturbação da investigação, mas também risco de fuga e ainda a possibilidade de continuação de atividade criminosa, apurou o Diário Económico junto de fonte judicial.
A TSF tenta desde manhã cedo, confirmar estes dados junto do Tribunal Central de Instrução Criminal e da Procuradoria Geral da República. Até agora, sem sucesso.

José Sócrates foi ontem colocado em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Évora com o número 44. No entanto, até ao momento não era conhecida a fundamentação dessa decisão, algo que mereceu hoje a crítica de alguns deputados socialistas à entrada do debate sobre o Orçamento do Estado.
Num despacho de 250 páginas, o antigo primeiro-ministro foi indiciado pelos crimes de corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. O advogado de José Sócrates, João Araújo, adiantou ontem que, caso o cliente não diga nada em contrário, vai recorrer da decisão.

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Obs: A forma - meramente descritiva - como é fundamentada a decisão do mega-juiz é, no mínimo, frágil.

Ao que se sabe, os alegados infractores já andavam a ser investigados há vários meses, as autoridades judiciais competentes já haviam recolhido provas na casa de Sócrates (e acompanhados por este), as suas comunicações espiadas, e o risco de fuga é, parece, risória. Fuga.., só se fosse para a Cova da Beira...

Em face disto, e do muito que já se conhece relativamente à forma como os capitais circulavam (a avaliar pelas sucessivas fugas ao segredo de justiça), a prisão domiciliária, com a obrigatoriedade de apresentação de uma ou duas vezes por semana no DCIAP - seria mais do que suficiente.

Porém, constatou-se, ou melhor saiu reforçada a vontade draconiana do juiz que, quiça animado por um acto de vendetta quis ter o prazer pérfido de ficar na história de enviar o ex-PM para a cadeia.

Não se trata aqui de um crime de sangue!!! E o perigo para a investigação também é incompreensível, salvo se se entender que a investigação foi, toda ela, mal feita. 

Se o juiz não tem, formalmente, que dar explicações para substanciar devidamente a sua decisão, deveria abrir uma excepção - tratando-se duma alta figura do Estado que, bem ou mal, representou o país de que o juiz também é nacional. 

Talvez um dia o tiro ainda lhe saia pela culatra...

Quem com ferros mata..!!!

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