Arte com pesca
Fotografia © Gerardo Santos/Global Imagens
Se as cordas de pesca desta tapeçaria de 30 metros quadrados e de 300 quilos falassem, contariam, talvez, a história dos quatro verões em que o artista Rui Horta Pereira, um grupo de crianças e os pais as recolheram no areal da ilha da Armona, concelho algarvio de Olhão. Quem sabe falariam também dos pescadores que as lançaram ao mar e das marés que as arrastaram para a praia. A quem visita a exposição Água e Um Pouco de Areia Fina, no Museu de Arte Popular, em Lisboa, resta ainda o cheiro a mar que algumas das cordas emanam.
São dez metros de comprimento por três de altura de uma tapeçaria multicolor formada por elementos que outrora eram lixo na praia -? há até uma ficha elétrica - e que, não fosse a recolha, ali poderiam ficar ao longo de 400 anos. Agora, "um material sem nobreza ou utilidade passa a ser uma coisa para ver, tocar e cheirar", explica ao DN o artista eborense Rui Horta Pereira, há décadas a viver em Lisboa.
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