segunda-feira

Saudades da Lisboa desaparecida. Quatro pinturas sem autor nem data mostram Lisboa antes do terramoto de 1755


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Terreiro do Paço: um porto para muitos barcos, link


 Arquivo do Museu da Cidade, onde se guarda boa parte das representações da cidade, é fácil encontrar vistas do Terreiro do Paço. Na análise deste óleo, Miguel Soromenho aponta a gravura do Terreiro do Paço atribuída a Zuzarte como uma muito provável fonte iconográfica. Apesar de diferirem no traço, muito mais seguro em Zuzarte, o ponto de vista sobre o 1Torreão do Palácio da Ribeira é o mesmo, tal como o tratamento de edifícios chave, como a 2Igreja de S. Francisco, na colina, e o 3Palácio dos Marqueses de Castelo Rodrigo, à beira-rio atrás do Torreão, ambos representados com promenor — o que nem sempre acontece na iconografia da cidade. A principal diferença entre as duas obras é o erro de escala: o autor anónimo agiganta estes edifícios, tal como faz com o Torreão, central na pintura

Terreiro do Paço

Pintura do Rossio tem também fortes semelhanças com uma outra gravura de Zuzarte: “O ponto de vista é exactamente o mesmo, deslocando a frontaria hospitalar [Hospital de Todos-os-Santos] para a direita do quadro de forma a poder incluir, também, a fachada da 1igreja de São Domingos, um dos mais importantes templos da cidade”, escreve Miguel Soromenho.
Mais uma vez as questões de perspectiva: o 2Convento da Graça está, na pintura, encostado ao 3Castelo de S. Jorge, que tem o jogo das muralhas errado, diz António Miranda. Também as dimensões do portal manuelino do 4Hospital de Todos-os-Santos estão alteradas: em comparação com as figuras humanas que passeiam no Rossio, ou mesmo com o 5Chafariz de Neptuno em primeiro plano, o portal não parece muito grande. No entanto, António Miranda lembra que este exemplar único da arquitectura manuelina era admirado por toda a Europa, não só pelo seu trabalho de escultura, mas pela também pela sua imponência – a que não é feita justiça na pintura.

Rossio


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