Ao novel Príncipe...
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A um príncipe, na linha teorizada por Maquiavel, importa ter, ou parecer possuí-las, as seguintes qualidades, pela sua utilidade: parecer piedoso, fiel, humano, íntegro, religioso, e sê-lo; mas guardar tal disposição de ânimo que, necessitando não o ser, possa e saiba o príncipe desempenhar o contrário.
Aqui cabem as contradições, as traições (as pequenas, as médias e as grandes) e as deslealdades.
É claro que Passos Coelho, um príncipe já velho e privado de toda a sabedoria (apenas com muita manha), triturou toda e qualquer máxima, porque quando chegou ao poder tratou de mandar para o caixote do lixo tudo aquilo que prometera de véspera, como um mentiroso compulsivo - cabendo aqui à Política um sub-capítulo de estudo com dignidade científica que poderíamos designar de mentira política e patologia psico-políticas.
No fundo, a política mudou pouco desde a sua fundação, pois cada agente, a fim de manter e manter-se no poder, tudo fará para preservar o poder do Estado nas suas mãos, pois os meios serão sempre julgados honrosos e louvados por todos. Até porque o vulgo apenas atende às aparências e ao desfecho das coisas, como diz o velho mestre.
Nunca se viu nenhum candidato a príncipe, do presente ou do passado não muito distante, nunca pregar uma coisa que não seja a paz e boa fé, de preferência mitigando o discurso dizendo, solenemente, que baixará os IMPOSTOS quando chegar ao poder e o repasto ficará ainda melhor servido se, nessa lógica discursiva, se prometer também baixar o IVA na restauração, o que facilitará a venda massiva de sopas em Portugal.
Por algum lado terá de se começar a olear o motor. O motor da economia portuguesa que ainda não começou a crescer...
Um dia, verdadeiramente, descobrimos petróleo no Beato e então teremos todos os problemas nacionais resolvidos. Só não sabemos quando é que esse dia chega na eternidade dos tempos.
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Etiquetas: Características do Príncipe, Maquiavel
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