sexta-feira

François Hollande condecora Durão Barroso pelo trabalho em Bruxelas


O presidente da Comissão Europeia, José Manuel  Durão Barroso, recebeu hoje das mãos do presidente francês, François Hollande,  a mais alta condecoração francesa, pelo trabalho à frente da Comissão Europeia,  que está prestes a abandonar ao cabo de 10 anos. 




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Obs: Em 10 anos Durão Barroso conseguiu uma verdadeira proeza, interna e europeia, ou seja, conseguiu fazer com que a UE - no seu conjunto - perdesse o estatuto de grande superpotência que tinha ao tempo de Jacques Delors - que afirmou uma Europa no Mundo, contribuindo para todos os importantes processos de decisão globais, potenciando a sua coesão interna e fazendo com que os países mais ricos e desenvolvidos do Norte cooperassem mais intensamente com os países mais periféricos, como Portugal, e em que as economias eram (e são) mais frágeis e dependentes. 

A esta luz, barroso contrasta com o poderoso Delors. É a noite e o dia. Aliás, nem a comparação deve ser estabelecida, porque só se comparam pessoas, processos e decisões comparáveis. De modo que isto não passa duma reles analogia. 

Barroso, além de chegar a porta-Voz da Europa começando como mordomo dos EUA, como o demonstrou a triste Cimeira dos Açores (ao tempo de G.W. Bush - que abriu caminho à guerra ao Iraque por causa das "famosas armas químicas" que, afinal, não existiam) - também passou a servir uma Alemanha hegemónica que exporta sem limites e cria emprego e enriquece à custa das economias importadoras - que financiam o seu superavite comercial.

Barroso é o exemplo acabado do presidente obeso e balofo da CE que não se conseguiu impor aos grandes, nem contribuiu para aumentar a coesão interna dos Estados membros. O resultado foi que as instituições europeias entraram em roda livre, ou melhor, uma roda que passou a ser girada em função dos interesses nacionais da Alemanha de Merkel, e relativamente aos quais Barroso nem piou. 

Barroso merecia, sim, era uma condecoração ao abrigo do princípio de Peter, que foi aquilo que o seu colega francês, perversamente, lhe deu. Pois toda a gente sabe, dentro e fora da Europa, que Barroso deixará uma Europa bem pior do que aquela  que encontrou quando tomou posse. O que revela um balanço profundamente negativo. Temos hoje uma Europa sem força, sem prestígio, desunida internamente e hegemonizada por uma Alemanha sem visão de conjunto da UE e sem querer por em prática o pilar da solidariedade que marcou a sua fundação.

No fundo, o que esta condecoração nos diz é que, afinal, Hollande está para a França como Barroso está para a União Europeia. Une merde

É caso para dizer que Les beaux esprits se rencontrent...

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