domingo

Incendiários de direito divino - por Viriato Soromenho Marques -

O reino da política é o da opinião, dizia, e bem, o grande James Madison. Estou a escutar Passos Coelho no Parlamento a justificar o injustificável: a reunião do BCE, em Sintra, a começar no dia das eleições europeias. Ao contrário do que pensa o primeiro-ministro, a lei eleitoral portuguesa aplica-se em território nacional mesmo que os seus infratores sejam estrangeiros. Mas é também curioso que o BCE não tenha feito o mais simples: começar "oficialmente" a reunião no dia 26 de maio. Simbolicamente, a leitura é muito importante. O BCE, que é hoje o órgão de poder mais importante na Europa, é também um órgão completamente independente, cujo poder não emana, nem na origem nem no exercício, do escrutínio popular. Trata-se da figura mais próxima de um poder transcendente, cuja legitimidade tem uma genealogia quase divina (o que torna a "teologia do mercado" uma expressão rigorosa). O silêncio do BCE, violando a lei eleitoral portuguesa no dia em que é eleito o Parlamento Europeu, o único órgão da União Europeia em que ainda ressoa a crença na soberania popular, diz tudo sobre a arrogância e o sentimento de inimputabilidade de alguns burocratas, que se sentem acima da lei positiva e do próprio bom senso. Quem diz querer apagar fogos não os deveria atear.

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Obs: Enviei-se xerox ao c/d do DESERTOR-mor do regime, ainda mordomo da Chancelarina alemã para os assuntos europeus, o qual defendeu o modelo de Educação salazarenta para o futuro dos jovens portugueses. 

Parabéns, dr. Durão. Com esta ideia ficou arredada a possibilidade de vir a candidatar-se a Belém, em 2015. Veremos...
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