segunda-feira

A Glória do Glorioso sob a égide do Marquês de Pombal



É nos momentos de glória como este, em que o Benfica se torna campeão nacional, que o homem-massa revela uma tendência irresistível para formar multidões, e através delas procurar todos os pretextos para escapar ao isolamento e para se reunir aos seus semelhantes, àqueles que pensam e sentem do mesmo modo. 

Uma vez reunidos alguns homens, basta que um factor-comum acorde o que neles há de comum, há de recalcado; basta que apareça um condutor hábil, basta que surja um grito excitador ou um acontecimento impressionante.

É também nesses momentos, que são raros, que essas massas revelam toda a potência das suas paixões inflamadas, as esperanças ou ambições violentas, as promessas sedutoras, os medos ou os temores grupais, os orgulhos feridos ou espicaçados, os ódios grupais e inter-clubísticos.

Enfim, é nesses momentos que se operam as pequenas vinganças ou represálias, ou ainda o espírito de destruição moral do adversário, elegendo, no caso, Pinto da Costa - como o alvo perfeito para esta sede de glória do Benfica - já há alguns arredado do título por causa da hegemonia do FCP. 

O que é mais curioso registar é que estas manifestações de massa, que se encontram em estados de perturbação transitória, como se se trata duma verdadeira "pedrada", se façam sob a égide de Sebastião José de Carvalho, o maior déspota do iluminismo nacional dos sécs. XVII-XVIII. 

Doravante, deveria substituir-se o leão que ladeia a estátua do Marquês e, no seu lugar, colocar uma Águia. Talvez ela passasse a ser o símbolo emergente do novo sentido de reforma política e administrativa do país, dotando e inspirando os nossos governantes duma visão e capacidade que só uma águia detém. 

Dito isto, convenço-me de que o Conde de Oeiras seria do Benfica se fosse vivo. 

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