No dia 25 de Abril de 1974...
... Um grupo de jovens capitães põe fim à República unitária e corporativa do Estado Novo, cujos princípios tinham sido definidos por Salazar na Constituição de 1933 e de cuja aplicação se encarregará pessoalmente, na chefia do Governo e do Estado, até à perda das suas faculdades intelectuais em 1968.
- Tratou-se, na prática, de um golpe de Estado militar revolucionário, mas não violento, dinamizado por características legitimistas e legalistas que suscitaram o entusiasmo geral e recebem o apoio da esmagadora maioria do povo português, assim como a adesão de inúmeros oficiais superiores de todos os ramos das forças armadas - o que facilitou - articulando essas duas legitimidades (a política e a revolucionária) a emergência do Movimento dos Capitães - que depois se apresenta como o Movimento das Forças Armadas, o famoso M.F.A.
- Tudo isto já é história, mas não podemos esquecer que foi esse movimento que neutralizou as forças fiéis ao regime do Prof. Marcello Caetano, daí o carácter não violento da sua acção que o distinguiu de muitos outros processos de democratização noutros países.
- Em breve comemoramos 40 anos desta revolução sem sangue. Ainda não há programa. Cavaco não tem a menor ideia acerca de coisa nenhuma, até porque nunca teve um espírito verdadeiramente democrático, e até consta que então era simpatizante do ancién régime.
- Dos 3D (Democratizar, Descolonizar e Desenvolver) de que falava o historiador Medeiros Ferreira, que recentemente partiu, Portugal, de facto, só conseguiu verdadeiramente cumprir a Descolonização, ainda por cima no decurso de um processo repleto de vicissitudes que deixou sequelas nos dois lados.
- Numa palavra: muita coisa se fez desde 1974. Já ultrapassámos a fase da instalação do saneamento básico e das vias de comunicação. Mas, curiosamente, o Governo em funções, o XIX Governo - é profundamente inconstitucional, porque governa contra as leis da República, e governa contra o seu próprio povo apenas para agradar aos mercados e obedecer a uma troika incompetente, porque nos impôs receitas políticas, económicas e financeiras erradas cujos efeitos de devastação social estão bem à vistas de todos.
- Se calhar é por isso que cavaco não deseja ter um programa de comemorações dos 40 anos de Abril, porque, em rigor, ele e o governo que suporta, nada têm para comemorar.
Etiquetas: 40 anos depois, O 25 de Abril
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