Partidos competem como empresas por nichos de mercado"
ENTREVISTA RUI TAVARES
"Partidos competem como empresas por nichos de mercado"
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O rosto mais conhecido do novo partido em formação, o LIVRE, compara os atuais partidos políticos portugueses com as empresas: "Competem pelos nichos de mercado de uma forma que às vezes é muito semelhante às empresas." Daí que considere que "o sistema político-partidário em Portugal tenha menos qualidade do que a sociedade civil".
O eurodeputado independente garante que o novo partido vai conseguir reunir as 7500 assinaturas para se legalizar e aponta o dia 31 de janeiro para a realização do I congresso depois de ontem se ter realizado a a assembleia constitutiva: "A partir de agora é que isto começa."
Quanto às próximas eleições europeias, garante que pode não ser o cabeça de lista: "Não temos medo de eleições, em particular das eleições europeias para as quais temos discurso e programa." Mesmo assim alerta para a importância de "todos os partidos de esquerda poderem concorrer juntos - incluindo PS e PCP - numa candidatura conjunta às europeias como a direita vai fazer".
Quanto a ser um partido cautelar em vez de um partido efetivo, nascido com o fim da troika em Portugal, Rui Tavares esclarece: "Temos uma visão para Portugal e para a Europa que excede em muito o mero momento de crise da troika.
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Obs: [...] Ainda se o fizessem com a qualidade que algumas empresas depositam nos seus mecanismos de I & D e, consequentemente, na qualidade dos seus produtos e serviços que colocam no mercado... Porém, o que acontece é que os programas dos partidos estão repletos de promessas que depois não são realizadas, abrindo caminho para a mentira política com vista à captura do poder e dos recursos públicos que aquela posição garante no aparelho de Estado.
Grave não é os partidos convergirem com as empresas no âmbito da sua filosofia de acção; grave é os partidos, as pessoas que o integram, as suas mensagens comunicadas à sociedade serem uma fraude, ainda que veiculadas sob os auspícios da mais pura verdade. É o desencontro da promessa com a realidade que está a dar cabo da política, e se isto decorre dessa forma e não doutra, tal deve-se à mediocridade do escol dirigente em funções. Aliás, as nossas elites sempre foram piores do que o povo que procuram dirigir: em monarquia, na ditadura, na república...
- Quanto a Rui Tavares, devo dizer que é um excelente historiador, um eurodeputado hiperactivo, não frustra as expectativas de quem nele confiou, tem carácter e parece ser um homem bom e com excelente intenções quanto à Europa (e a Portugal), o que já não é pouco no tempo que corre para um homem só.
Mas não consigo encontrar uma ideia original no seu partido que faça uma grande diferença e, ao mesmo tempo, seja realizável no curto prazo com ganhos de produtividade para todos e sem perda de coesão social nas sociedades mais periféricas do sul da Europa.
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