domingo

Evocação de Giorgio Agamben


A importância da filosofia e de alguns dos seus conceitos puros e aplicados reside na explicação desta coisa simples: em Portugal há uns responsáveis políticos que têm cometidos crimes - políticos, económicos e constitucionais hediondos - mas que não podem ser sacrificados conforme são os cidadãos comuns quando violam a lei.

O estado de excepção para este tipo de homens políticos que cometem crimes de lesa-pátria, faz deles homens matáveis, mas, paradoxalmente, esses mesmos homens são insacrificáveis. O que agrava o paradoxo democrático em que vivemos. 

Este tipo de agentes políticos criminosos acabam por ser relevantes na medida em que obriga a pensar sobre que tipo de relação os cidadãos devem ter com os valores e princípios da política e a sua acção no terreno. 

Portugal ainda é um estado de direito, o TC recentemente demonstrou essa condição ao impedir o XIX Governo (in)Constitucional de continuar a comportar-se como um criminoso reincidente, mas ficou o registo ideológico e programático da poderosa intencionalidade em sair do terreno do Estado democrático para embarcar num Estado aventureiro composto por medidas avulsas e discriccionárias típicas duma ditadura. 

Talvez seja o tempo certo para recuperar o pensamento de Giorgio Agamben e fazer deste o melhor antídoto para os novos agentes criminosos e fora de lei que a partir do governo do Estado pretendem criar um Estado paralelo que desmantele o Estado social e cavalgue a onda da troika para acabar com os portugueses de vez, ou muitos deles, salvaguardando a posição de todos aqueles pensam como o governo ainda em funções e tudo fazem para o servir a fim de continuar a gozar das redes e das vantagens clientelares decorrentes desse conúbio. 

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