O novo padrão da história e da civilização: um olhar sobre o planeta
Se nos reportarmos aos desastres ambientais mais recentes, que surgiram após a crise económica - como as cheias do Paquistão em 2009, o terramoto no Haiti em 2010, o derramamento de petróleo no Golfo do México que teve lugar após o tsunami japonês, em 2011, os tornados e inundações no sul dos EUA, Midwest e N. Inglaterra, começamos a perceber que, se continuarmos neste caminho ou modelo de desenvolvimento hiper-capitalista, apenas resta aos historiadores do futuro defender que o grande colapso financeiro de 2008 é apenas uma amostra de uma catadupa de crises que provaram a ineficácia das capacidades e actuações das soberanias nacionais (através dos velhos Estados) e, ao mesmo tempo, corroeram a legitimidade assente no consentimento popular.
Um consentimento que, hoje, já não regula os problemas domésticos, nem, por maioria de razão, está capacitado a intervir no complexo jogo dos problemas da globalização competitiva, que oculta sempre quem é o decisor e, não raro, esconde o que ele pretende.
Em face destas crises múltiplas, julgo estarmos diante dum novo desafio que coloca pressão aos sistemas de governance actualmente existentes no mundo contemporâneo.
Já que em todos estes casos, a que se soma o desastre natural nas Filipinas, resultante de um tornado cuja força destruidora não tem igual na história da região, o locus de vulnerabilidade recorta círculos de problemas que estão sempre em expansão, que complexificam a natureza dos problemas pré-existentes. Estes factos sobrepostos, ou seja, erros humanos somados e agravados aos desastres naturais, ainda dificilmente previsíveis (na sua força, direcção e intensidade), veem alterar o padrão histórico de intersecção e reforço das calamidades já conhecidas.
Porventura, é a esta expansão de problemas - colocados simultaneamente à economia, à política, à sociedade, à C&T e à I&D (Ciência e Tecnologia e Investigação e Desenvolvimento), aos militares, aos saberes das ciências "duras" - que irá fazer com que o Homem público, o decisor por excelência, seja desafiado a integrar o risco natural no seu sistema de planeamento e decisão e aprender a lidar com isso na vida inteira.
A avaliar pela marcha dos fenómenos (políticos, económicos, sociais e os de carácter ambiental/natural) - atrevo-me a defender que a tendência da civilização é para registar essa viragem histórica. Se não compreendermos isto, também não percebemos o que temos de mudar para evitar que os problemas do passado se repliquem no futuro imediato.
E é aqui que ressalta uma questão essencial: quem é - ou são - os novos solucionadores de problemas no mundo contemporâneo?!
Sem que a resposta seja unívoca - os salvadores deste doente planeta são os ambientalistas mas também os empreendedores. São estas duas forças, aparentemente contraditórias, que irão gerar as soluções de utilização humana dos recursos do planeta, mesmo que para isso a ideologia dominante, assente no hiper-capitalismo, tenha de ser profundamente revista, e a tecnologia disponível também terá de se ajustar às verdades e prementes necessidades humanas.
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