segunda-feira

Rui Machete: um anacronismo pós-moderno abroad. O insensato aprendiz de feiticeiro. Evocação de Goethe


Há semanas o douto Marcelo dizia que Rui Machete era um político que fazia política como se estivesse no outro tempo. Destreinado, velho e já sem vocação para a comunicação pública, Machete tornou-se, naturalmente, num perigo em movimento. Eis o que 10 milhões de portugueses verificaram. Num perigo para o país, evidentemente, porque para o governo que o recrutou não há mal maior para o país, para o tecido económico e para os 10 milhões de portugueses.

Todavia, o mais curioso é que  o actual PM, Passos Coelho, foi buscar Machete pelos seus cabelos brancos, na expectativa de trazer para o Governo alguma responsabilidade, sagesse e maturidade que falta aquele amontoado de pessoas que integram o XIX Governo (in)Constitucional. Também aqui, à semelhança de todas as políticas públicas deste errático governo, houve um efeito perverso. 

Em todo esse engano há, por outro lado, ainda um desconhecimento duma lei (em sentido sociológico) que, porventura, Machete desconhece, apesar de haver por aqui alguns teóricos do vazio que lhe devotam uma grande qualidade académica no âmbito do Direito Constitucional. Esse desconhecimento revela a atroz ignorância de um princípio elementar que assegura todos os nossos movimentos (físicos e intelectuais). O qual postula que não se deve acender um fogo que depois não se possa ou saiba controlar ou mesmo extinguir. Machete, de facto, tem-se comportado como aquele pirómano que acende fogos múltiplos e não consegue apagar nenhum. 

São as mais recentes declarações acerca do valor do défice, feitas na Índia, foi ainda o paradoxal pedido de desculpas às autoridades angolanas por causa de processos judiciais objecto de inquirição por parte do MP português. Nada se aproveita neste ministro. Nem os cabelos brancos...

Contudo, Machete sabe fazer "bem" uma coisa e já o demonstrou várias vezes: colocar o "comboio dos problemas"  em marcha, depois desaparece da cena pública por uma semana. O que é um sortilégio para os portugueses em geral, e para o governo em particular - que se sente mais aliviado pelas "bernardas" que, nessa quarentena, se evitam. 

Neste quadro pesado para os portugueses, importa perguntar quem não se lembra do famoso poema de Goethe sobre o insensato aprendiz de feiticeiro que nos ensina que não devemos invocar os espíritos enquanto não conhecemos a fórmula exacta para nos livrarmos deles. 

Assim, e porque viola grosseira e recorrentemente este princípio elementar da vida, em especial da vida política para onde convergem todas as tensões da sociedade, Machete comporta-se como aquele sujeito que só sabe ligar o interruptor para cima, desconhecendo o off; só conhece o acelerador, nunca ouviu falar do travão. Machete, de facto, parece desconhecer a necessidade de atenuar os problemas que ele próprio gera mediante declarações incendiárias, ainda por cima vindas dum ministro cuja pasta, os Negócios Estrangeiros, deveria ser discreta e eficiente. Mas não é: é, sim, indiscreta e contraproducente. 

Na natureza do poder está inscrito uma regra, que consiste em não se poder dizer tudo. Em face disto, e para poupar os portugueses a mais desatinos que fazem mal à economia nacional, seria aconselhável que este insensato aprendiz de feiticeiro fosse exposto ao brife do Lombo numa próxima brifalhada inventada  pela componente mais neoliberal do XIX Governo (in)Constitucional com o intuito de divertir a plebe, dando-lhe pão e circo...

E é nisto que este governo se traduz. 

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