segunda-feira

Edward Snowden: o super-indivíduo com mais poder benigno no mundo



Edward Snowden é uma espécie de um man-in-progresso - como certas tarefas que estão sempre construção e que, com o tempo, se vão aperfeiçoando.

Inicialmente, era visto com profunda desconfiança, pois podíamos estar diante de mais um player que desejava protagonismo, dinheiro e denegrir a imagem do seu país, apenas porque a empresa para quem trabalhava não lhe renovou o contrato de trabalho nos termos e condições desejáveis. 

Com o tempo a tese de pequena vingança dissolveu-se no éter de Washington dc., e o mundo compreendeu quais eram verdadeiramente as suas motivações, registou a sua linguagem civilizada e justicialista e aceitou a sua causa como uma causa comum: preservar a intimidade das pessoas da devassa das novas tecnologias da informação que, ao serviço desregulado das múltiplas agências de informação norte-americanas, violavam grosseiramente a liberdade, os direitos e as garantias das pessoas em todo o mundo, sobretudo na própria América. 

Por piada, alguns responsáveis políticos norte-americanos afirmaram que os europeus não tinham que se queixar pelas espionagem feita entre os líderes dos países da União Europeia porque, afinal, a América de Barak Obama ainda trata pior os seus próprios concidadãos. 

Snowden cresceu em importância, ganhou credibilidade junto dos decisores políticos mais influentes da Europa. Existe até uma grande abertura em a Alemanha de Merkel o receber de braços abertos. Quiça, Barroso, na sua despedida da Comissão Europeia, onde tem tido um papel insignificante (excepto para a sua reforma dourada..), também o deseje receber com pompa e circunstância. 

À medida que esta importância cresce na pessoa e no estatuto de Snowden, o mundo percebe o decréscimo da importância e influência de Obama, que permitiu que as suas agências de segurança, e a intelligence em geral, cometesse demasiados abusos. Abusos só ultrapassados pela violação sistemática com que em Portugal o XIX Governo (in)Constitucional escavaca a Constituição da República Portuguesa, esbulha os salários aos funcionários públicos e aos pensionistas, potencia criminosamente as falências das empresas (por erradas políticas públicas.., em que persiste), o desemprego e a emigração compulsiva de portugueses. 

Portanto, a motivação, a acção e a causa de Edward Snowden transformaram-se em valores universais e, ao mesmo tempo, o seu exemplo dá-nos um quadro do mundo contemporâneo, em toda a sua complexidade e simplicidade. Essa ambivalência traduz a América controversa de Obama. Uma América dominante mas não pode dominar, em que a luta pelo poder e prestígio se desenrola como sempre aconteceu. 

Mas com uma nuance, é que o poder não está só ao serviço do dinheiro, das armas e do petróleo. O poder está também ao serviço das causas comuns, das grandes ideias, como a promoção da Democracia e da Liberdade. Ainda que Snowden tenha de dar essa lição ao mundo a partir duma democracia musculada, de uma quase autocracia  dirigida por Putin, seu anfitrião.

Chegará o tempo em que, deste canto insignificante do rectângulo da Europa, partam convites oficiais para que Snowden venha a Portugal fazer conferências acerca do peso da informação nas relações internacionais contemporâneas. 

Seria muito curioso que isso ocorresse nas próximas semanas, porque significaria que o actual locatário das Necessidades, esse pavão com ar blasé-xé-xé que é Rui machete, que sabe tanto de diplomacia como aquele elefante numa loja de porcelanas, pudesse aprender algo com o jovem que, um dia, com coragem e determinação, resolveu enfrentar a América e denunciar os crimes praticados pelas suas agências de informação em nome da Liberdade. 

Machete poderia seguir-lhe o exemplo e, disfarçado de espião que veio do leste, emigrar para Rússia apenas com um one-way ticket...

Quem diz Rússia, diz Angola, onde a maior parte das elites a quem o actual MNE português pediu (execravelmente) desculpas, estudou e se formou. 

Como alternativa de destino, sugerimos Cuba... 

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