sexta-feira

Relatório confirma culpa humana nas alterações climáticas recentes



“A atmosfera e o oceano aqueceram, diminuiu a quantidade de neve e de gelo, o nível do mar subiu e a concentração de gases com efeito de esfufa aumentou”, (sublinhado é nosso) diz o relatório do IPCC publicado esta sexta-feira. "Isto é o que estamos a fazer [ao clima]", disse o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, na conferência de imprensa de apresentação do relatório.
É agora "extremamente provável" que a Terra esteja aquecer devido à actividade humana o que, na linguagem do IPCC, se traduz em 95% de certeza da atribuição da culpa.
Segundo o “sumário para decisores políticos”, uma síntese de duas dezenas de páginas do relatório do IPCC, a temperatura global aumentou 0,85 graus Celsius entre 1880 e 2012. As três décadas passadas, entre 1983 e 2012, foram as mais quentes dos últimos 1400 anos. 
As concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera  “atingiram valores sem precedentes em relação aos últimos 800.000 anos”, assegura o documento. As concentrações de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), aumentaram 40%, 150% e 20%, respectivamente, em relação aos valores pré-industriais.
“A influência humana no sistema climático é clara”, lê-se ainda no relatório. “Isto é evidente pelo aumento das concentrações na atmosfera dos gases com efeito de estufa, pela força de radiação positiva, pelo aumento observado da temperatura.”
A previsão da subida do nível dos oceanos, devido ao derretimento dos gelos, foi revista em alta. Em 2007, a previsão era de 18 a 59 cm até 2100; agora, admite-se que o nível das águas possa chegar de 26 a 82 centímetros (consoante os cenários mais optimistas ou mais pessimistas.
"Pausa" nos últimos 15 anos é variabilidade natural
Nos últimos dias falou-se bastante da verificação de que nos últimos 15 anos, a temperatura média global à superfície não ter subido tanto como se previa, apesar de as emissões de dióxido de carbono terem continuado a aumentar. A subida de temperatura foi de apenas 0,05 graus Celsius entre 1998 e 2012, quando o expectável, com referência ao que se passou entre 1951 e 2012, era que subisse entre 0,08 e 0,14 graus Celsius). O relatório do IPCC aborda esta aparente “pausa” num parágrafo em que sublinha a existência de “uma variabilidade substancial” de ano para ano e de década para década, mas que esta não faz inverter o “robusto aquecimento que se verifica há múltiplas décadas.”

“Devido à variabilidade natural, as tendências que se baseiam na análise de curto prazo são muito sensíveis às datas de início e do fim [dos registos] e no geral não reflectem tendências climáticas de longo prazo”, lê-se no relatório hoje divulgado. “Por exemplo, a taxa de aquecimento durante os últimos 15 anos [1998-2012], que se inicia com um forte [fenómeno] El Niño, é mais reduzida do que a calculada desde 1951”, escrevem os cientistas que trabalham sob a égide das Nações Unidas
O relatório do IPCC foi aprovado depois de quatro dias de discussões finais entre cientistas e representantes governamentais, em Estocolmo, que se prolongaram por toda a noite de quinta para sexta-feira. A aprovação final foi anunciada já de manhã, pouco antes das 8h, pelo vice-presidente do IPCC, Jan Pascal van Ypersele, via Twitter.
Este relatório refere-se apenas às evidências científicas sobre as alterações climáticas. Outros dois relatórios, sobre os impactos e as hipóteses de mitigação do problema, serão publicados na Primavera de 2014. Os três volumes formam a quinta avaliação global do IPCC sobre as alterações climáticas. As outras foram publicadas em 1991, 1995, 2001 e 2007.

Obs: remeta-se, com carácter de urgência, as conclusões deste estudo para os centro decisores norte-americanos, chineses, indianos e de outros países altamente industriais que ainda não se consciencializaram que têm necessariamente de alterar o seu padrão de produção industrial a fim de evitar catástrofes ambientais a prazo. Eles já sabem que isto é assim, mas fingem que a Natureza tem recursos infinitos e a sua regeneração se faz de forma automática, por obra e graça do espírito santo. 

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