quinta-feira

Mega-investigação revela nomes de milionários com contas offshore

Nota prévia: se descobrir aqui o seu nome é porque está bem na vida. Parabéns.
Por outro lado, constatamos que aquilo que seria uma competência dos aparelhos judiciários e legislativos dos Estados nacionais - acaba por ser uma função desenvolvida por jornalistas e associações do sector com interesse e vocação na área da investigação. Se compulsarmos estes factos com aquilo que foi feito pelo WikiLeaks - e o que esta organização fez à política externa norte-americana - começamos a compreender os contornos do novo mundo e os efeitos que as novas organizações desempenham - por contraste com as velhas - no desenho do novo relacionamento político, económico, financeiro e social à escala planetária.

Mega-investigação revela nomes de milionários com contas offshore

A lista contém pormenores do mundo secreto dos paraísos fiscais e pode provocar um "abalo sísmico" no sector. link
 
O negócio dos paraísos fiscais sofreu esta quinta-feira um dos mais duros golpes de que há memória, com a divulgação de uma lista com nomes e valores das fortunas de milhares de milionários guardadas nas Ilhas Virgens Britânicas.
 
É o resultado de um investigação conjunta do International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ), com sede em Washington (e cujo site está inacessível esta manhã), e de vários meios de comunicação social de vários países, incluindo o jornal britânico The Guardian, que descreve a lista agora publicada como "um abalo sísmico em todo o mundo no florescente negócio das offshore".
 
A divulgação dos nomes pode causar uma crise de confiança no sector, que assenta no anonimato como forma de transmitir segurança a quem pretende deslocar grande parte da sua fortuna para fora do país de origem.
 
A maioria das empresas até agora secretas tem sede nas Ilhas Virgens Britânicas. Da lista destacam-se alguns nomes bem conhecidos, que ficam agora ligados à deslocação de capitais que poderiam pagar impostos nos seus países de origem.
 
Um deles é Jean-Jacques Augier, tesoureiro da campanha presidencial de François Hollande em 2012. Augier é dono de uma empresa chinesa com sede nas ilhas Caimão, que tem 25% de participação numa outra empresa com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.
 
Também o antigo ministro das Finanças da Mongólia Bayartsogt Sangajav está debaixo de fogo. Enquanto foi governante do país, entre 2008 e 2012, Sangajav abriu a empresa Legend Plus Capital Ltd., com conta na Suíça.
 
Da lista constam ainda a baronesa espanhola Carmen Thyssen, que segundo a lista consultada pelo The Guardian usa o offshore para comprar quadros; o Presidente do Azerbeijão, Ilham Aliyev; Olga Shuvalova, mulher do vice-primeiro-ministro russo, Igor Shuvalov; Tony Merchant, marido da senadora canadiana Pana Merchant; Maria Imelda Marcos Manotoc, a filha mais velha do antigo Presidente filipino Ferdinand Marcos e actual governadora da província de Ilocos Norte; e Denise Rich, ex-mulher do magnata Marc Rich, que recebeu um perdão presidencial de Bill Clinton em 2001 relativo ao não pagamento de impostos na ordem dos 100 milhões de dólares.
 
Ouvido pelo The Guardian, o responsável financeiro pela administação do território britânico nas Caraíbas, Neil Smith, recusou a acusação de que a ilha funcione como "um porto seguro para pessoas com falta de ética". "A nossa legislação favorece um ambiente mais hostil para a ilegalidade do que a maioria das outras jurisdições", disse o responsável.
 
O ICIJ e o The Guardian dizem ter mais de 200 gigabytes de dados relativos a operações efectuadas na última década nas Ilhas Virgens Britânicas mas também em Singapura, Hong Kong e nas Ilhas Cook, que serão revelados ao longo dos próximos dias.
 
 

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