quinta-feira

PSD garante vantagem de 17 pontos para PS, diz Barómetro

O PSD garantiria 42 por cento das intenções de voto caso as eleições legislativas se realizassem agora, indica o Barómtero TSF/Diário Económico realizado pela Marktest.
Ainda de acordo com este estudo, o PS ficaria com 17 pontos a menos que os social-democratas que beneficiam do início das negociações do Orçamento com os socialistas na altura em que esta sondagem foi feita, entre 19 e 24 de Outubro.
Com este resultado, o PSD sobe quatro pontos percentuais em relação a Setembro, aproximando-se assim dos valores registados no Verão, nos primeiros dias da direcção de Pedro Passos Coelho.
Por seu lado, o PS perdeu 11 pontos relativamente ao último mês, ao convencer 25 por cento dos 807 inquiridos pela Marktest neste estudo.
Já o Bloco de Esquerda assume o terceiro lugar entre as forças políticas portuguesas ao subir três pontos para os 10 por cento, cerca de dois mais pontos que PCP e CDS-PP, que se encontram na casa dos oito por cento, com os comunistas a surgirem ligeiramente à frente do partido de Paulo Portas.
Relativamente à popularidade dos políticas, só a imagem de Cavaco Silva se mantém positiva, ao passo que a popularidade de José Sócrates está no pior de sempre desde que assumiu o cargo de primeiro-ministro.
Segundo o Barómetro, 72 por cento dos inquiridos dá nota negativa à actuação de José Sócrates, ao passo que apenas 18 por cento considera que a sua actuação é positiva.
Desta forma, o primeiro-ministro ficou com menos nove pontos em opiniões positivas e mais 13 pontos nas negativas, o que dá a José Sócrates um resultado negativo de 60 pontos.
Por outro lado, o líder social-democrata agrada agora a 31 por cento dos inquiridos, mas aumentou nas opiniões negativas para 39 por cento, o que dá a Pedro Passos Coelho 12 pontos negativos, menos cinco que há um mês.
Já Paulo Portas passa a ter dois pontos negativos em termos de índice de imagem, enquanto que Francisco Louçã passa para os oito pontos negativos e Jerónimo de Sousa para os 18 pontos negativos.
Apenas, o Presidente da República, Cavaco Silva, se mantém em terreno positivo, ao conseguiu 32 pontos positivos em termos de índice de imagem, resultado conseguido antes do anúncio da sua recandidatura presidencial.
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Obs: Parece que só Sócrates e o seu ministro das Finanças não entenderam qual tem sido o pulsar do Portugal-profundo. Com isto não pretendo significar que um Executivo governe em função da popularidade, isso é até contraproducente, mas também será desejável que não governe contra o povo que seria suposto proteger e promover.
A equação é simples: Sócrates deveria ter mandatado Teixeira dos Santos a reformar o Estado de uma penada, cortando em centenas de institutos e fundações que replicam funções verdadeiramente inúteis que só carregam o Estado de gordura paga com os impostos daqueles a quem agora o Executivo pede sacrifícios extraordinários.
É aqui que reside o pecado original da bandalheira das finanças públicas, e também é aqui que radica o clientelismo de Estado que se foi formando e consolidando com o cavaquismo e reforçando com os sucessivos governos até ao presente. Mexer no redesenho orgânico do Estado é abater a "vaca sagrada" em quem ninguém ousa mexer, sobretudo para quem está no poder e não o quer perder.
Custa-me dizer isto porque temos aqui apoiado muitas das políticas públicas do actual governo, com relevância para as áreas da C & T e das energias renováveis onde o país tem feito progressos notáveis. E porque, apesar de tudo, este governo teve uma linha de rumo desenvolvimentista que visava apostar na educação, nas energias renováveis e noutras áreas, como a reforma da segurança social, o problema é que algumas dessas reformas não colam hoje à realidade, dado que o enunciado do poder é um e a realidade que lhe corresponde é outra, e é nesse gap que as pessoas percebem a distância que medeia a intenção da realidade.
Este fosso, agravado com a brutal carga fiscal às empresas e às famílias, que as inibirá de produzir de forma competitiva, gera uma dissonância no país, criando uma dualidade perigosa: Sócrates fala, mas o país já desistiu de o ouvir e o tecido conjuntivo da sociedade e da economia portuguesa estão a empobrecer a olhos vistos. Empobrecer comparativamente aos nossos parceiros europeus, e a empobrecer intra-muros, onde as assimetrias de desenvolvimento regional afectam desigualmente as pessoas do litoral e do interior, do norte e do sul, e em função dos sectores de actividade, das idades e formações e qualificações, naturalmente.
O que me surpreende é que nem o PM nem o seu inner cirle, nem os seus assessores mais directos lhe conseguem explicar esta realidade tão comezinha que hoje se passa no país real. Foi também esta rigidez intelectual e política que levou Teixeira dos Santos a não ceder nuns milhões, mas foi cúmplice em gastos e desperdícios no funcionamento da máquina do Estado que ultrapassam muito a soma que foi objecto, aparentemente, da discórdia entre as duas delegações.
Mais logo, a poderosa Alemanha de Angela Merkel lembrará isso mesmo a Sócrates no CE, embaraçando-o.
O zé povinho, por seu turno, apesar de não ter uma grande cultura política, já entendeu isso, e agora Teixeira terá de ceder na sua rigidez e no braço-de-ferro que Sócrates mantém há muito PPCoelho.
Esta sondagem, confesso, produz resultados - ainda que momentâneos - que poderiam ser mais negativos para o poder em funõçes, e se Sócrates não sai pior na "fotografia" tal não se deve a mérito seu, mas a um demérito de PPCoelho pelos zig-zagues que tem feito nos últimos meses no seu taticismo com o governo.
Cavaco, dentro da sua habitual normalidade, sai por cima, revela-se, novamente, o referencial de estabilidade para quem o zé povinho olha quando tudo arde em seu redor.
Sócrates deverá tirar uma ilação séria desta sondagem, não para ser populista ou demagogo e governar em função das sondagens, mas para apurar o seu sentido reformista relativamente ao Estado que ajudou a engordar, e em relação ao qual tudo deverá fazer para o emagrecer nesta derradeira fase, e não punir a classe média e média-baixa como tem feito com inúmeras políticas fiscais que terão como efeito (i)mediato matar o resto da economia que ainda mexe.
Se Sócrates não tiver a humildade de alterar a sua perspectiva sobre o país e as políticas públicas que deverá rápidamente implementar, arrisca-se sériamente a ser esmagado pelas circunstâncias e crucificado pela história.
Malgré tout, confesso que os resultados da sondagem ainda seriam mais negativos para Sócrates e para o PS!!!
A essa luz, a sondagem até se revela "amiga" do poder em funções.

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