quinta-feira

Mario Vargas Losa - Prémio Nobel da Literatura

Quem, como Mario Vargas Losa, escreve sobre as realidades sociais e económicas da região sul americana; quem estuda as múltiplas estruturas e facetas do poder, mostrando que ao escritor não são alheios os vários dispositivos do poder e a forma como se movimentam para coagir as populações, merece uma atenção especial na avaliação da sua imensa e consistente obra.
Losa escreveu sobre a memória revolucionária na América do Sul, mitigou, necessáriamente, política com economia, sociedade e cultura, o que fez dele um escritor-cívico, sempre empenhado na descoberta e aprofundamento das variantes da cidadania, mesmo naqueles países pobres e subdesenvolvidos, de tradição golpista e onde prolifera imensa violência de Estado - e das guerrilhas - narcotráfico - que alimenta uma poderosa máquina da morte naquela perigosa região do mundo.
A esta luz, Losa é um escritor plural, empenhado cívicamente na melhoria do homem e na melhoria da qualidade da democracia e da liberdade.
Losa, ao invés de outros nóbeis, soube colocar a sua pena e a sua virtude literária e cívica ao serviço desses valores e dessas virtudes. Não se ficou por condenar levemente regimes desgraçados e miseráveis, como o regime cubano imposto pelo lagarto de Havana.
No fundo, o que pretendo sublinhar é que este prémio concedido pela Academia Sueca foi bem atribuído, apena pecou por ser tardio. Mas mais vale tarde do que nunca, ainda por cima seguindo uma fileira de outros distintos escritores também nobilizados, como Camilo Cela, Garcia Marquez, Neruda, Paz e outros. Além disso, Losa tem uma personalidade fascinante, irradia luz e é um verdadeiro democrata e acredita na liberdade. Merecia esta distinção.

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