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A verdadeira crise - por Paulo Baldaia -

A verdadeira crise, jn
Este pobre país vai-se enterrando cada vez mais no lamaçal da justiça e não se vislumbra alguém que possa dar por encerrado este triste espectáculo. Vivemos numa república de investigadores incompetentes e juízes que fazem o que querem. Gente que manda na classe política que elegemos para nos representar a todos, mas que nada fazem para nos garantir uma Democracia séria porque têm medo dos procuradores e dos juízes.
Nem vale a pena perder muito tempo com a novela Freeport que, seis anos depois de começar, pariu dois ratos, dois ratitos. A investigação foi tão bem feita que eles perderam o rasto a milhões, mas conseguiram inventar o foguetório de que queriam ouvir o primeiro-ministro, mas não tiveram tempo. Balelas. Tretas para disfarçar uma investigação que deu em nada.
O sindicato aproveita e atira-se ao procurador-geral da República, insinuando que as coisas são o que são por causa dele. E Pinto Monteiro sem conseguir transmitir o mínimo de confiança na justiça.
Na mesma semana em que a leitura da sentença da Casa Pia voltou a ser adiada. Os anos passam, as crianças vítimas são adultos com vida feita e a justiça perde-se em questões processuais.
A verdadeira crise não é económico-financeira, é uma crise grave na justiça e isso exige do poder político, aquele em quem votamos para gerir o país em nosso nome, uma tomada de posição firme. Os agentes da justiça - investigadores e juízes - não são donos do sector, são trabalhadores a quem pagamos para fazerem um bom trabalho e eles não o estão a fazer.
Obs: A crise da justiça é lamentável e agrava ainda mais a crise económica, social e financeira de Portugal, por isso não é correcto desvalorizar-se uma crise em função de outras, elas têm uma existência simultaneamente autónoma e interdependente porque se intersectam. Seria útil que o jornalista Paulo Baldaia percebesse esta nuance que é relevante e altera o sentido do que disse.
Uma justiça errática, tardia e incompetente só pode agravar a vida às pessoas, às empresas e aos investidores em geral atrasando a modernidade e o desenvolvimento do país. A incompetência, a anarquia e o neofeudalismo existente na majistratura são as ervas daninhas da justiça em Portugal, e para agravar este contexto os problemas ocorridos no âmbito de actuação deste sofrível ministério da Justiça com a bagunça da divulgação dos dados da criminalidade em Portugal também danificam a imagem institucional da justiça em Portugal. Notou-se a impreparação de Alberto Martins para explicar tamanha incompetência no tratamento dessa delicada informação como foi patente na comissão especializada da AR.
E aqui temos tido azar, pois a um péssimo ministro da Justiça do Governo deBlockquote maioria absoluta de Sócrates parece ter-lhe sucedido um mau ministro da pasta no segundo Governo de maioria relativa. Ou seja, em incompetência Alberto Costa está na razão directa do desempenho de Alberto Martins, e eles sabem-no.
Em rigor, a verdadeira crise remete para os valores e para os princípios que defendemos em sociedade, e quando eles são nefastos para a colectividade é natural que os resultados se traduzam em mais Freeports.

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