quinta-feira

Queremos invasão portuguesa - Ignacio Sánchez Amor

Ignacio Sánchez Amor, Vice-presidente da Junta da Estremadura, falou ao CM da boa relação que aquela região espanhola mantém com os autarcas portugueses do Alentejo e da Beira Interior, dos projectos comuns e da presença de empresas lusas na comunidade estremenha.CM
Correio da Manhã – Há um grande investimento português na Estremadura?
Ignacio Sánchez Amor – Nós estamos felizes com a ‘invasão’ portuguesa. Temos já uma grande representação do grupo Sonae, que para nós foi um exemplo de como as empresas portuguesas podem utilizar a Estremadura como uma ponte para o mercado espanhol. Para muitas empresas pequenas ou médias ir directamente para Madrid ou Barcelona pode ser complicado, mas entrando no mercado espanhol por uma região onde há uma grande sensibilidade em relação a Portugal, em que há um clima social muito bom para Portugal, pode ser uma forma de entrar no mercado espanhol de forma mais barata e simples.
Mas as empresas portuguesas têm de lidar com algumas dificuldades em Espanha...
– Há uma questão que se fala muito em Portugal que é a das pretensas dificuldades que têm as empresas de obras públicas portuguesas para entrar em concursos públicos em Espanha e devo dizer que isso é falso. Praticamente não há interesse de empresas portuguesas de participar em concursos das comunidades autónomas. Não fazemos auto-estradas, não fazemos hospitais, fazemos pontes, barragens... Mas não há interesse. Creio que as empresas portuguesas pensam só nas grandes obras do Estado. Mas há um enorme mercado de obras públicas nas comunidades autónomas e eu aconselharia as empresas portuguesas a explorar este mercado.
Já alguma empresa portuguesa ganhou um desses concursos?
– Houve agora um concurso importante ganho por uma equipa portuguesa de arquitectos. Trata-se da construção do novo edifício do Governo Regional da Estremadura que tem um custo previsto de 30 milhões de euros.
E empresas estremenhas em Portugal?
– Não há uma presença muito significa, porque há algumas dificuldades que Portugal deve resolver, principalmente na área da burocracia. Em Portugal há uma cultura muito burocrática difícil de entender pelas empresas espanholas.
Como é a relação com os autarcas portugueses das zonas fronteiriças à Estremadura?
– Desde 1989 que trabalhamos com Portugal e temos uma relação muito boa com os autarcas do Alentejo e da Beira Interior. Há muitos projectos comuns, como o plano do Alqueva e a sua utilização como recurso turístico, de lazer e de desenvolvimento económico para o Alentejo. Estamos, também, a trabalhar muito com Castelo Branco em vários projectos em diferentes áreas.
Que projectos são esses?
– Há muitos, mas gostava de salientar a projecção de uma auto-estrada entre Castelo Branco e Madrid. É uma segunda entrada da Estremadura em Portugal, que é muito importante para o desenvolvimento da Beira Interior, porque será a ligação mais directa entre Madrid e Lisboa.
AUTO-ESTRADA E TGV PARA MADRID
A auto-estrada Castelo Branco-Madrid já começou a ser construída?
– Em Espanha vamos concluir o primeiro troço este ano, mas só continuaremos se houver uma garantia de Portugal de que vai avançar com o troço de Castelo Branco até à fronteira. Para nós não tem sentido fazer uma auto-estrada que termine na fronteira, portanto vamos falar com o novo Governo português para ver se o projecto avança.
E em relação ao TGV?
– Em Espanha está tudo a caminhar bem. É muito importante para nós tê-lo concluído até 2010, de acordo com o definido na Cimeira Ibérica da Figueira da Foz. Em Portugal, há cerca de um mês o ministro António Mexia garantiu-nos que estava tudo bem encaminhado.
Obs: Uma entrevista estimulante para as nossas duas economias.

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