A "coerência" do banqueiro do regime, a dualidade de Ricardo Salgado Espírito Santo
Ricardo Salgado prevê uma OPA sobre a PT, nem que seja para preocupar o Governo que lhe estragou os planos para fazer o brutal encaixe financeiro que reduziria a PT a - como diria o "tio" Marcelo - a uma "Pt-zinha".
O veto do Governo à venda da posição da PT na Vivo, no Brasil, esse imenso mercado, pode desencadear uma OPA da Telefónica sobre a operadora portuguesa, de que é 10 vezes maior, postula hoje Ricardo Salgado. Mas postula de tal modo que a coisa mais parece um wishefull-thinking do que uma mera possibilidade ao nível da prática dos negócios. O mais curioso é notar que há um mês, em Nova Iorque, o presidente do BES defendia que o Governo usasse a golden-share caso a PT fosse alvo de OPA hostil. A isto se chama incoerência. Alguém está a ver Ricardo ser PM de Portugal?! É obvio que não, nem é isso que se pede ao maior banqueiro nacional, mas os portugueses também não esperam que o PM em funções se comporte como um banqueiro em busca de mais-valias que fortalecem um determinado grupo económico descurando o interesse geral do país. Até agora Sócrates tem sempre sabido lucrar políticamente com as dificuldades, e creio que com o caso PT a coisa não será muito diferente. Malgré tout, os portugueses andam pouco crédulos, mas entre um banqueiro ávido, um líder da oposição que não sabe o que quer e um PM determinado - sempre preferirão esta última opção. Quanto a Ricardo apenas direi só mais uma nota: é um homem demasiado previsível e pouco credível. Façamos o teste: se amanhã a Telefonica baixar a oferta à PT por algum motivo, teremos mais Ricardo dizendo à plebe: agora é mau para vender, e aí o Estado deveria intervir. Onde é que eu já vi este filme... PS: O problema para Sócrates é esclarecer o que é, verdadeiramente, interesse estratégico, e se o que é estratégico para a PT também é válido para outras grandes empresas nacionais como a Edp, Galp, Ren, Ana e outras - em que o Estado, nesta fase do campeonato, abdicará de usar aquilo que o direito comunitário há muito proíbe: as golden share. Se esta explicitação não for eficientemente feita, restará sempre espaço analítico para supor que o referido interesse estratégico rima com jobs for the boys, e é isso, precisamente, que se pretende evitar, agora com os estilhaços de fragmentação dos ricardos - lusos e espanhóis - com que o Governo terá de lidar. É a vida, como diria Guterres..., que hoje assiste tranquilo a tudo isto directamente da poltrona onusina...
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