terça-feira

Jornadas parlamentares do PS com Santos Silva a revelar o manual de instruções para combater a hipocrisia do psd

O ministro centrou o seu discurso num conjunto de fórmulas para combater o PSD (Adriano Miranda)
O ministro da Defesa, convidado para falar sobre o futuro da esquerda democrática nas jornadas parlamentares do PS, que hoje terminam no Refeitório dos Frades da Assembleia da República, centrou o seu discurso num conjunto de fórmulas para combater o PSD.Público
Aprofundar a distinção entre o PS e o PSD é um dos principais objectivos, apontou, sustentando que essa clivagem deve ser logo evidente na linguagem. “Se enunciarmos as coisas na linguagem dos nossos adversários estamos a abdicar da autonomia do nosso próprio pensamento político”, afirmou, em jeito de recado interno.
Para Santos Silva a demarcação entre socialistas e sociais-democratas “é decisiva” (“é aí que devemos investir o nosso combate político”), pelo que se afigura prioritário destacar a autonomia da agenda política do PS, defendeu, e diferenciá-la da agenda do PSD. Que, notou Santos Silva citando o artigo de Pedro Passos Coelho publicado ontem no jornal “i”, se baseia na premissa da “passagem do chamado Estado Providência ao Estado regulador ou Estado garantia” – “ele escreve ‘o chamado Estado Providência quando nós dizemos o amado Estado Providência. Esta frase é um monumento: a ideia de o Estado Providência se opor ao Estado regulador é um verdadeiro monumento que vai marcar o pensamento político nas próximas décadas”, ironizou.
Para além da linguagem e da agenda política, o governante aconselhou também os deputados a insistirem no “debate de ideias” e na “denúncia da hipocrisia” do PSD, exemplificando com o excerto do texto de Passos Coelho acima citado. “Não devemos ignorar a centralidade do debate de ideias e temos de denunciar a hipocrisia disto”, disse, sublinhando que este combate exige “clareza”, “agilidade intelectual e política” e “autonomia de agenda, pensamento e linguagem”.
Quanto aos restantes partidos da oposição, Santos Silva nomeou apenas o Bloco de Esquerda e o PCP, que, em seu entender, “apoiam” a agenda neoliberal ao aceitar participar em “coligações contra-natura” que pretendem “desgastar o Governo e o primeiro-ministro”.
Obs: Santos Silva afigura-se como o maitre à penser do PS nesta conjuntura de crise social e económica, toca na ferida na medida em que as propostas do PSD não são alternativas às políticas públicas em curso pela mão do PS, sendo certo que um dos maiores problemas do governo é que a sua narrativa não cola com a realidade. Uma realidade que só poderá melhorar com mais e melhor atracção de investimento directo estrangeiro, mais e melhores oportunidades e uma maior produtividade, sem a qual nenhum bolo social se reparte.

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