sábado

Fusão da PT e Oi é saída para negócio da venda da Vivo

Os principais accionistas da PT estão a estudar a possibilidade de uma fusão com a brasileira Oi. Seria uma forma de obter luz verde do Governo para vender a Vivo aos espanhóis. Os principais accionistas da PT estão a estudar a possibilidade de uma fusão com a operadora brasileira Oi, de forma a encontrar uma alternativa no Brasil que permita obter luz verde do Governo à venda da Vivo. Ao que o Diário Económico apurou, este movimento - mais ambicioso do que apenas a entrada no capital da operadora brasileira - permitiria matar dois coelhos com uma só cajadada: por um lado, os interesses estratégicos que o Governo português pretende defender estariam assegurados, uma vez que a PT continuaria no Brasil. Desta forma, José Sócrates poderia autorizar a venda da Vivo à Telefónica por 7,15 mil milhões de euros, sem com isso perder a face após o veto da ‘golden share' na recente assembleia geral. Por outro lado, uma fusão seria viável para os accionistas da Oi, quer para os privados, quer para os públicos, porque também o Governo brasileiro não aceita ceder o controlo da Oi a investidores portugueses. A operação daria origem a um gigante com mais de 80 milhões de clientes, que seria a maior operadora brasileira, mas também estaria em África, nos países onde a PT está presente (Angola, Cabo Verde, Namíbia, São Tomé e, em breve, Moçambique). Para a PT, a fusão permitiria continuar no Brasil sem ter de investir grande parte do encaixe da venda da Vivo na compra de uma operadora local, ficando, assim, com mais capital para realizar aquisições noutras geografias, distribuir pelos accionistas e resolver o défice do seu fundo de pensões. Para a Oi, a operação permitiria receber ‘know-how' e tecnologia da PT e entrar nos mercados africanos.
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Ricardo Salgado desagradado com José Sócrates, sol
Por Ricardo David Lopes e Graça Rosendo*
Ricardo Salgado não escondeu o desagrado e admitiu, em declarações ao SOL, que o recurso do Estado à golden share «foi uma surpresa». E que «é preciso fazer um esforço de compreensão» para entender a posição assumida por Sócrates
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Apanhado de surpresa
À última hora, porém, a Telefónica subiu a parada para um valor que a esmagadora maioria dos accionistas reconheceu ser irrecusável. E, à excepção da CGD (por ordem do Governo), da Visabeira e da Controlinveste, todos os outros grandes accionistas, com o BES à cabeça, cederam. (...)
Obs: Os banqueiros, em regra, pensam exclusivamente nos seus interesses financeiros e nos interesses do seu grupo, ao invés dos agentes políticos que, também por regra, têm o dever de equacionar e de interpretar o chamado interesse geral do país.
E aqui Sócrates terá feito bem ao vetar o negócio que permitia a venda da posição da PT na Vivo à Telefonica. O chamado interesse estratégico nacional foi questionado, passando pelo crescimento, pelos recursos e tecnologia que permitem investir em C&T e engrandecer os interesses de Portugal intra e extra-muros, conferindo à economia portuguesa uma massa crítica e uma economia de escala que deixaria de ter caso aquela venda se fizesse.
Com esta decisão, que comporta risco, desde logo à luz do direito comunitário que proíbe estas práticas na Europa por serem proteccionistas e desvirtuarem a sã concorrência nos mercados, Sócrates defendeu o chamado interesse nacional, que foi, aliás, secundado pelo PR, pelo cds, be, pcp e psd - fazendo quase o pleno nesta tomada de decisão.
Parece que aqui quem se opôs foi mesmo Ricardo salgado Espírito Santo, a On going e os accionistas que queriam fazer aquele brutal encaixe financeiro que fortalecia os seus interesses empresariais sem que os mesmos coincidissem com interesses da economia portuguesa. Nessa perspectiva, Sócrates ainda virá a capitalizar políticamente com esta decisão, ainda que ela se arraste pelos tribunais e seja motivo para escrever centenas de artigos sobre a matéria.
Este processo irá mostra como se desenrolará a luta do direito contra a política, sendo certo que na maior parte das vezes é a política que ganha. De resto, o direito não passa duma correlação de forças conjuntural arranjada para evitar a anarquia.
Um case-study a acompanhar de perto que irá fazer as delícias da teoria política (pura e aplicada) e as matrizes de pensamento das escolas de gestão.
_____________________________________________________________ Fugees-ready or not 1996

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