segunda-feira

A banalidade e o óbvio a patacos com as presidenciais no horizonte

JN
Não é novidade para ninguém que Cavaco tem feito um mau mandato: as (supostas) escutas de S. Bento a Belém, o Estatuto dos Açores, o casamento gay, o apoio velado a Ferreira Leite nas últimas eleições legislativas, a sua recorrente banalidade que o torna parcial no desempenho do cargo de PR cuja Constituição jurou defender. Eis o registo do sr. PR em funções. Sempre que intervém oferece aos portugueses uma tonelada de lugares-comuns: esperança, os portugueses têm que motivar-se e ir em frente, apoiar o empreendedorismo e toda um discurso de inovação que, na prática, são meras narrativas justificatórias dum poder gasto, talvez ainda mais gasto do que o do próprio governo, por natura exposto a um maior desgaste.

Naturalmente que os portugueses reconhecem em Cavaco um maior perfil para exercer o cargo de PR, comparado com Alegre ou Nobre, mas esse perfil, em rigor é até mais ajustado à figura do PM do que própriamente à figura do PR - que Cavaco não tem sabido exercitar. Esta banalidade pode conduzir à saturação do eleitorado e levar a uma dinâmica de querer subverter a rotina colocando no poder um candidato extra-sistema, como é Fernando Nobre. Uma pessoa que nada deve à política, ou melhor é uma pessoa credora da política que temos a avaliar pela obra social que tem feito pelo mundo. Crucial é saber canalizar essas energias e experiências para um papel em Belém.

Certo e sabido que os portugueses não querem a poesia de M. Alegre e duvido que queiram mais banalidade de Cavaco - que representa hoje o maior reservatório de lugares-comuns que os portugueses jamais ouviram. De nada valendo os altos conhecimentos de economia & finanças de Cavaco, pois nada se aproveita em prol do crescimento e desenvolvimento da economia nacional. Ou então é o governo que anda distraído por não ter sabido integrar as receitas miraculosas de cavaco no tecido conjuntivo nacional.

Admito, por outro lado, que uma candidatura da direita, porventura de Freitas do Amaral - que já veio minar o terreno ao portista Bagão Felix manifestando o seu apoio a Cavaco, pudesse reposicionar o xadrez sociológico da direita, mas a maior tristeza que hoje identifico nas actuais eleições presidenciais - que agora começam com quase um ano de antecedência, e o maior responsável por este gasto superfluo para a democracia portuguesa, é o poeta Alegre e todo o seu imenso ego, sejam as banalidades das ideias, das propostas, dos temas e do nível das discussões levados ao debate.

Com o devido respeito pelas pessoas envolvidas nesse processo político, basta ouvir 5 minutos Cavaco ou Alegre para perceber a pobreza das elites políticas portuguesas neste 1º quartel do séc. XXI. Cavaco diz que fala verdade e que remete o país para o site da PR, poir é aí que reside a "verdade"; o poeta Alegre acha que ele próprio representa a encarnação da verdade; Nobre, malgré tout, ainda é aquele que tem um currículo pré-político mais valioso, é mais cosmopolita, coerente entre o que diz e o que pratica, tudo razões para supor que o povo português começará a olhar para ele com um Obama lusitano de seringa e auscultador na mão a fim de repor alguma saúde ao sistema político nacional.
Ainda que assim não seja, pelo menos o risco de debitar banalidades será, certamente, menor, o que já será um activo neste tempo tríbulo em que vivemos.

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