quarta-feira

Política pura e aplicada em S. Bento: Sócrates e PPCoelho de mãos dadas...

Estes dois homens não se irão encontrar mais logo em S. Bento para trocar garrafas de vinho ou elogios, nem canetas parker, apesar de terem mais em comum do que factores que os diferenciem. Jovens, bem-falantes, com charme, com telegenia, a diferença é que PPCoelho quer o lugar de Sócrates, e este não o quer perder para um rival, neste caso do PSD. Mas a pressão social, nas ruas e nos media, obrigou o PM a ceder para olear a máquina e lá anuiu em receber PPC para falarem do rating da dívida nacional, que ficou pelas ruas da amargura após a Standard & Poor´s, que não deveria ser levada a sério, ter lançado ainda mais incertezas nos mercados. E pior do que Portugal ter um dia Ferreira leite em S. Bento seria sofrermos agora um brutal ataque especulativo que empobreceria ainda mais a nossa economia real. De facto, as políticas públicas em Portugal têm que atender mais e melhor à diversidade de casos na sociedade nacional, desde a redistribuição da riqueza, da igualdade e equidade, aspectos a que o governo jamais poderá ficar insensível no quadro do PEC para os próximos quatro anos. Nesse horizonte até parece que a sociedade passou a ser encarada como um conjunto de minorias e o governo como uma ONG encarregue de atender aos seus pedidos. Se assim for, já não é mau. E, confessemos, ver o PM com PPCoelho é muito diferente de o ver ladeado por esse "bacalhau seco" (sem ofensa ao bacalhau) que em dois anos de "gestão do economato" do PSD não foi capaz de apresentar uma única ideia ao país.
Contudo, uma leitura mais neo-realista, conforme o esprit du temp, habilita-nos a supor que Sócrates e Coelho conseguem restaurar o velho mundo em Portugal, remetendo para o caixote do lixo da "estória" o desencantamento do mundo que falava Weber, e mais modernamente M. Gauchet.
E como estamos em vésperas de receber o Papa, que tem face e um esgar diabólico, ficando muito a dever à majestade do seu predecessor, o excepcional João Paulo II, ainda pode ocorrer um milagre entre a Lapa e S. Bento, daí resultando a despolitização (e consequente despartidarização) das políticas públicas em Portugal e da forma de as pensar e executar para atingir os melhores resultados para a economia nacional e para o bem-estar dos portugueses. Que vivem, ou sobrevivem, hoje, com o esgar do Papa...
A democracia tem de ser algo mais do que a simples protecção de interesses e fins mais ou menos privados, ou partidários..., ainda que no fim vingue sempre o mercado.
Notas: Se a reunião correr bem vai tudo para o Kiss beber um Vodka-Laranja pago pelo Mealha das loiras e dos targas. O Allgarve sempre foi bom para captar investimento. Viva a República e o consenso que nela se encontrar. Com ou sem ironia, confesso que gostaria de ver mais Vieira da Silva no terreno do que Teixeira dos Santos. Mas as coisas são como são.
Let's Groove - Earth wind and fire -

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