Jovem suicida-se após rejeição em 200 empregos
Família quer criar fundação para ajudar a lidar com o mercado de trabalho. dn
Vicky Harrison estudou som e imagem e tinha o sonho de ser produtora de televisão. Inicialmente foi sobre essa área que incidiu a sua procura de emprego. À medida que o tempo foi passando alargou o âmbito da pesquisa, até ser candidata a empregada de balcão, de mesa, repositora em cadeias de supermercados. Mas a reposta foi sempre negativa. Duzentas recusas e dois anos depois, a jovem britânica, de 21 anos, pegou em várias caixas de comprimidos e suicidou-se por overdose.
A tragédia aconteceu há um mês mas só agora a família parece ter encontrado coragem para tornar o caso público nos media. Os pais e o namorado, a quem deixou bilhetes de despedida, pretendem criar uma fundação que ajude os jovens a lidar com as dificuldades do mercado de trabalho. Numa altura em que as eleições legislativas britânicas estão à porta e o desemprego atinge dois milhões e meio de jovens no Reino Unido, os críticos do Labour, no poder, acusam as suas políticas de estarem a "criar uma geração perdida". Os mais radicais culpam a abertura que existe face aos imigrantes, que fazem o mesmo trabalho que os cidadãos britânicos, mas por salários relativamente mais baixos.
"A Vicky era uma rapariga brilhante e inteligente que entrou em depressão por não conseguir encontrar trabalho. Estar no desemprego durante tanto tempo, parecia-lhe demasiado humilhante", disse a mãe, Louise, de 43 anos, citada pelos media britânicos. "Teve tantas recusas que a sua confiança ficou afectada. Ela sentia que não tinha futuro", afirmou o pai, Tony, de 53 anos, ao jornal local Lancashire Telegraph.
Vicky Harrison cresceu em Darwen, Lancashire, tendo-se formado com boas notas pela Faculdade de Runshaw, em Leyland, integrando depois a universidade londrina de South Bank. Não chegou a completar o curso, porque não estava a gostar muito dele. Foi então que iniciou a difícil missão de entrar no mercado de trabalho. A 30 de Março, recebeu a última recusa de um infantário. No dia seguinte o pai encontrou-a estendida na sala de estar. "Eu já não quero ser mais eu. Não fiquem tristes, a culpa não é vossa, só quero que sejam felizes", escreveu a jovem no seu epitáfio.
A família criou agora um memorial na Internet: http://vicky-harrison.gonetoosoon.org/ contém alguns dados e algumas fotografias de Vicky, permite deixar mensagens de apoio, escrever tributos, acender velas e oferecer presentes virtuais. Obs: Medite-se seriamente neste tipo de situações que, porventura, é maior do que pensamos, pois as estatísticas oficiais não choram, e só uma parte é oficialmente conhecida, como a violência doméstica e problemas conexos gerados pela sociedade post-modernaça que criámos e que a globalização predatória agravou. Que descanse em paz.
Etiquetas: Desemprego, sociedade post-moderna, suicídio
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