sexta-feira

Evocação de René Thom e a teoria das catástrofes

René Thom trouxe-nos um novo conceito - a teoria das catástrofes que visa explicar o desaparecimento de um equilíbrio e o estabelecimento de outro consecutivo na sequência duma modificação gerada por uma catástrofe. A metamorfose da lagarta ilustra o conceito, pois trata-se do mesmo ser, apesar da lagarta se ter transformado em borboleta. Contudo, o problema da aplicação deste tipo de teorias aos estudos e previsões da Mãe Natureza é que a teoria das catástrofes não tem tendência para ser normativa, nem profética, ou seja, não anuncia nada, nem mesmo as catástrofes que depois, como se vê, acabam por acontecer, para mal dos nossos pecados que também infligimos à Natureza. Talvez o êxito desta teoria possa resultar de algum malentendido suscitado pela actual impotência que todos nós sentidos em resolver este tipo de problemas e, em conjunto, estudemos formas, tecnologias e meios de lhes responder quando algo semelhante ocorrer. No domínio dos comportamentos humanos, em que entram mais directamente as Ciências Sociais - também era imprevisível o que acabou por verificar-se no 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque - em que aviões comerciais foram utilizados como mísseis para destruir pessoas e edifícios gerando o pânico global. De modo que este tipo de teorias para gerir o acaso, as flutuações, a barbárie, a complexidade são sempre bem-vindas, não porque delas decorram um grau elevado de certezas, mas porque através dos seus estudos e elementos previsores permite-nos fixar um Plano B ou C perante uma situação - humana ou natural - de grau extremo. E isso, na prática, pode ditar a fronteira que separa a vida da morte. Afinal, quem não desejaria dominar a complexidade?! Que não desejaria conhecer o futuro!? Quem não desejaria ser um Deus previsor que andasse por aí a distribuir certezas, dólares, barras de ouro, saúde, felicidade e promessas devida eterna para todos?! Quem não desejaria conseguir fazer milagres?! Se calhar, e ciente de que tudo isso existe oculto e em abundância em Fátima, é por isso que o Papa Bento XVI vem a Portugal... para testar a teoria das catástrofes de René Thom, a nova religião dos tempos, ante a impotência clarificadora e decisora do Cristianismo, do Budismo e do Islamismo.
Em rigor, esta flecha do tempo não é senão aquilo que a prospectiva designa por futuro, a razão de ser do presente, daí o desejo que todos temos em construir essa força produtora de certeza, ou seja, de FUTURO, que é o motor da organização das sociedades.., que, por vezes, redunda em catástrofes naturais ou em acções de terrorismo.

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