sexta-feira

Os setes pecados capitais, o motor do mundo

A história do homem está vertida nestes sete pecados capitais, que atravessa a própria história da humanidade, desde os primórdios da fundação das civilizações até à Idade Medieval, Renascimento, época Moderna e a Idade Global em que vivemos. Assim encontramos a Gula - que consiste em comer para além do necessário; a Avareza presente na cobiça de bens materiais e dinheiro; a Inveja que consiste no desejar atributos, estatutos, posse e faculdades de outra pessoa; a Ira que combina um misto dos sentimentos de raiva, ódio, rancor que às vezes é incontrolável; a Soberba definida pela falta de humildade de uma pessoa; a Luxúria patente no apego aos prazeres carnais; por fim a Preguiça - enquanto aversão a qualquer tipo de trabalho ou esforço físico.

Evidentemente, a época moderna gerou outros pecados, como a pedofilia - que este Papa Bento XVI não tem sabido combater com eficácia e dignidade, os crimes contra o ambiente e a sustentabilidade do planeta que diz respeito a todos nós - entre outros crimes contra os global commons da humanidade que as autoridades estatais e a sociedade em geral não têm sabido combater com eficiência e eficácia.

Todavia, de entre todos aqueles pecados capitais a Avareza talvez seja o mais grave de todos, já que foi a partir dele que os homens assaltaram, lutaram, conquistaram, saquearam bens uns aos outros através da história e morreram por causa dessas lutas, que acabaram por formatar a própria evolução do capitalismo moderno e a organização do sistema financeiro a que o pensamento da igreja católica não foi alheia, com as indulgências papais depois postas a nú com a revolução protestante de Calvino e Lutero.

A avareza está hoje na raiz do conflito entre pessoas da mesma família, do mesmo ponto de emprego, da mesma corporação, integra o sistema económico e financeiro - que em si nem é mau como demonstrou Adam Smith - o pai da economia - através do seu conceito de mão invisível, mas, no seu conjunto, e porque é essa a estrutura (egoista) neurológica do homem, temos, quer queiramos ou não, de contar com ela até ao fim dos nossos dias, salvo se ocorrer uma revolução verdadeiramente original que altere a própria essência do homem. Mas para isso seria necessário que antes o sistema económico, financeiro e de organização do conjunto da economia se modificasse, o que não é provável nos próximos anos.

E como esta revolução do homem não é provável nem factível talvez não fosse má ideia procurar entender o que significa viver hoje a Páscoa - segundo os valores e as práticas por que orientamos toda a nossa conduta no quotidiano. Ou seja, de nada nos adianta pregar uma doutrina da purificação e depois obedecer a cada um daqueles pecados, pois é isso que sucede.

Deus e seu filho Jesus não conseguiram terminar o seu milagre, algo ficou incompleto nessa revolução dos tempos, e essa incompletude deixou o homem nos braços daqueles pecados capitais, com a avareza a hegemonizar a sua relação em sociedade, escravizando o homem, os seus sentimentos e, mais grave, escravizando as relações do homem entre si.
Experienciar a Páscoa é mais um acto religioso, gozar umas férias leigas, mas até nisso o homem se revela ávaro... Basta que cada um de nós medite bem como goza essas férias e depois tire as respectivas conclusões.

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