quinta-feira

Nuno Morais Sarmento calou deputados do PS

PS entrou forte com ex-ministro, mas acabou em silêncio. Ex-ministro também se enganou no caso do JN
Nuno Morais Sarmento, ministro da Presidência nos governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, protagonizou, ontem, o mais rápido knock-out da história das audições sobre liberdade de expressão em Portugal, que decorrem na Comissão de Ética do Parlamento. E fez duas vítimas: Henrique Granadeiro, presidente da PT, e Manuel Seabra, deputado do PS. Em causa, as supostas pressões que Morais Sarmento, enquanto ministro, teria feito sobre Granadeiro.
Embalado pela denúncia feita pelo presidente da PT quando foi ouvido na comissão - de que teria sido alvo de pressões por parte de Nuno Morais Sarmento para demitir os directores do Jornal de Notícias, 24 Horas e da revista Grande Reportagem - Manuel Seabra entrou forte com Morais Sarmento: "Por que razão pressionou Henrique Granadeiro?", perguntou o deputado do PS, considerando que o presidente da PT era "insuspeito". Ora, Nuno Morais Sarmento respondeu, começando por salientar que o deputado nem lhe tinha dado o "benefício da dúvida", fazendo fé nas palavras do "insuspeitíssimo Henrique Granadeiro".
Sendo assim, explicou que a situação descrita pelo presidente da PT não fazia sentido, porque, no caso do director do Jornal de Notícias, José Leite Pereira, este só, segundo Morais Sarmento, foi nomeado em 2005, quando Granadeiro tinha situado os factos um ano antes. Porém, refira-se, em 2004, José Leite Pereira era "director de redacção", sendo que Frederico Martins Mendes era o director do jornal, mas apenas com funções de representação.
Ainda assim, Nuno Morais Sarmento questionou os deputados do PS da Comissão de Ética: "Qual a credibilidade de alguém que, confrontado com a maior pressão da sua vida, se calou e só agora a denunciou?" Questionando também a credibilidade de Henrique Granadeiro que "se baralha em datas de há poucos meses e que se recorda de alegados factos que se passaram há seis anos".
A segunda investida do deputado Manuel Seabra passou pela criação da Central de Comunicação no Ministério da Presidência no tempo de Nuno Morais Sarmento. Apesar de o então presidente da República, Jorge Sampaio, ter chumbado o diploma, disse Manuel Seabra, o Governo até editou uma brochura "de propaganda" sobre os 365 dias de governação.
Morais Sarmento ripostou na direcção de Manuel Seabra: "Se tivesse feito o trabalho de casa, veria que o projecto da Central de Comunicação, aliás inspirado no modelo do Governo Regional dos Açores, só aconteceu dois anos após a edição dessa brochura que diz respeito aos primeiros 365 dias do então Governo." O PS calou-se.
O antigo ministro da Presidência aproveitou ainda a oportunidade para dizer que não acredita que a PT não tivesse informado o Governo do negócio da compra da TVI. "Era um negócio estruturante, eu não acredito que o Governo não tivesse sido informado."
Obs: Sarmento - quando desenvolveu funções de ministro da CS do governo barroso procurou emagrecer os custos empresariais da RTP, extinguir alguns programas, como o crónico Acontece de Pinto Coelho, disciplinar alguns media e ser, na linha de Marques Mendes, um verdadeiro controleiro dos media em Portugal. Além disso, Sarmento é politicamente combativo e pessoalmente agressivo, dificilmente se deixa "levar", por isso surpreende-me como é que a direcção parlamentar do PS na AR coloque em lugar de destaque nessa Comissão de ética um deputado, como Seabra, que nenhum tributo presta à inteligência, nunca revelou cultura política e é, em rigor, um verdadeiro cacique incapaz de redigir uma nota política e de fazer o TPC, a interpelar uma rapaosa velha como sarmento. A memória de Seabra é, infelizmente, a da lota de Matosinhos - nas vésperas do ataque cardiaco a Sousa Franco. A classe política também é isto: um armazém velho e ferrugento para onde convergem todos os caciques deste Portugal dos pequeninos que nenhum tributo prestam a Portugal. E o mais grave, é que da sua acção nenhuma luz se fez sobre a dúvida que levou sarmento ao parlamento, o PS foi envergonhado e o deputado idiota do ps ainda continua na dita comissão a revelar a irracionalidade da exuberância da lota de Matosinhos.