terça-feira

Impacto económico do vulcão será de 1,5 mil milhões de euros

Comissão Europeia admite ajudas governamentais às companhias afectadas, dn
Quase sete milhões de pessoas estiveram impossibilitadas de regressar aos seus países por causa da interdição do espaço aéreo, o que poderá causar perdas económicas da ordem de pelo menos 1,5 mil milhões de euros, uma vez que muitos poderão não voltar a tempo aos postos de trabalho, alertou ontem um relatório elaborado pelo Royal Bank of Scotland.
O documento calcula que dois desses milhões não são turistas e representam cerca de 0,9% da força laboral dos países da UE. E, como prevê que eles demorem pelo menos três dias a voltar ao trabalho, o prejuízo será de uma média de 500 milhões por dia. No entanto, a longo prazo, caso o vulcão continuasse em erupção, isso não continuaria a causar prejuízo, uma vez que as pessoas já teriam conseguido voltar ao trabalho.
Já o gabinete de estudos económicos da Câmara do Comércio e da Indústria Alemã prevê que os prejuízos da economia alemã cheguem já a uma média de mil milhões de euros por dia, juntando as perdas das companhias aéreas, aeroportos, operadores turísticos e de partes da indústria. Muitas peças sobressalentes para maquinaria são enviadas por avião. O mesmo acontece com os medicamentos e com mercadorias urgentes de validade limitada, que não podem ir por terra ou mar, lembrou Volker Treier, daquele gabinete de estudos.
A acrescentar a isto estão os prejuízos das companhias aéreas, tanto a nível dos cancelamentos de voos e assistência dada aos passageiros, como a nível das perdas em Bolsa. A Associação Internacional de Transporte Aéreo, IATA, diz que o vulcão islandês está a causar prejuízos de 185 milhões de euros por dia, um custo superior ao verificado aquando dos atentados do 11 de Setembro.
Nos últimos dias de negociação em Bolsa antes do fim-de-semana, a Air France-KLM, Lufthansa, British Airways, Ibéria e Ryanair perderam 34,2 mil milhões de euros e ontem as suas acções continuaram a cair fortemente. Algumas empresas têm feito um cálculo diário dos prejuízos. A Air France-KLM diz estar a perder 35 milhões a um ritmo diário, a British Airways entre 17 e 26 milhões, a SAS entre 5 a 9 milhões e a low -cost Easyjet fala em 45 milhões.
No meio das críticas de excesso de zelo feitas aos governos europeus por parte da IATA, a Comissão Europeia disse estar disposta a autorizar os Estados membros a darem ajudas às companhias aéreas para fazer face ao impacto do Eyjafjallajokull. O comissário responsável pela Concorrência, Joaquin Almunia, disse estar "em estudo um dispositivo semelhante ao usado aquando do 11 de Setembro que permita dar ajudas em circunstâncias excepcionais". Mas os Estados devem "demonstrar a necessidade dessa ajuda e provar que não estão a dar mais do que o necessário", aproveitando a ocasião para fazer subvenções encapotadas às empresas.
A porta-voz daquele comissário, a portuguesa Amélia Torres, explicou que há um artigos do tratado europeu, o 107.º, que permite "aos Estados compensar os prejuízos ligados a catástrofes naturais ou circunstâncias excepcio- nais". Fonte do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações português garantiu ao DN que na reunião de ontem dos ministros da União Europeia, realizada por videoconferência, essa questão das ajudas às companhias "não foi tratada e não esteve sequer em cima da mesa".
Obs: Parece que os caprichos da Mãe Natureza conseguem provocar mais prejuízos às sociedades do que o próprio homem. O que também é um sinal dos tempos cuja lição importa reter.

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