segunda-feira

O problema do PSD e a teoria do António Variações...

Todos sabemos quão importante é estar na 1ª linha do combate político, isto é particularmente válido para o PSD de PPcoelho, recém-eleito presidente do partido, mas em que o seu líder, paradoxalmente, não tem assento parlamentar. Parece, segundo reza a estória, que a sua opositora interna, Ferreira Leite, excluio-o das listas no passado recente, e, desse modo, hoje PPC, apesar de ser o novel presidente do PSD, só poderá participar nos debates parlamentares à distância, o que constitui uma grande dificuldade para ele em afirmar-se como opositor credível a Sócrates. Pois mesmo que as coisas corram bem a Miguel Macedo, o novo presidente do Grupo Paralmentar, a vitória simbólica é sempre assacada ao grupo parlamentar e não ao presidente do partido que, na prática, estará sempre físicamente ausente.
Assim, convenhamos, torna-se difícil a PPC mostrar uma boa impressão ao país real, fazer a perguntas difíceis e comprometedoras a Sócrates (e em tempo real), pensar parlamentarmente em estratégias de combate à pobreza e ao desemprego, alinhar políticas de atracção de IDE e o mais que concorra para o fomento da economia nacional e o bem-estar dos portugueses.
Na prática, a ausência de PPC do Parlamento será sempre uma sombra que o perseguirá, e isso é uma vantagem objectiva para Sócrates, que se depara com a "múmia paralítica" que paralisou o PSD nos últimos dois anos. E aqui o paradoxo democrático não deixa de ser curioso, sobretudo se notarmos que Ferreira leite é deputada com assento parlamentar, está no hemiciclo a fazer croché político, mas como não consegue articular duas ideias seguidas, por isso não faz mossa ao PM; PPC, ao invés, tem telegenia e articula com facilidade está ausente.
Esta circunstância marcará negativamente a vida interna do PSD e a sua relação política com os demais partidos com assento parlamentar. E também não é verosímil que PPC seja tão genial que consiga compensar essa ausência com uma poderosa e quase omnipresença nos media e na sociedade que faça esquecer a sua ausência no hemiciclo de S. Bento, onde as guerras políticas se travam.
Sobretudo, nesta fase de regresso ao parlamentarismo puro e duro com a vigência das comissões de inquérito e de ética a fim de esclarecer os casos PT/TVI e conexos...
Perante esta ausência formal, o que restará a PPC fazer?
Curiosamente, aproximar-se de Belém e fazer precisamente aquilo que disse jamais pensar: acolitar-se em Belém para daí receber apoio político informal que lhe facilite a vida nas contendas com o PS de Sócrates. Estabelecer pontes com Cavaco em matéria económica de modo a evitar que falem a várias vozes contra o PS, sobretudo num tempo de vésperas de eleições presidenciais em que urge a PPC convergir com Cavaco para se posicionarem em face da nova batalha política das presidenciais em 2011.
Uma batalha que se agravará se o PS "for buscar" a reserva da nação já com as costelas repostas - Diogo Freitas do Amaral - para competir com Cavaco a Belém...
A ironia da história tem destas coisas: meter no Parlamento uma senhora que representa o grau zero da política e afundou o PSD nos últimos 2 anos; excluir dele o actual presidente do partido e, para densificar o paradoxo, empurrar PPC para os braços daquele que disse querer afastar-se por imperativos presidenciais.
É a este conjunto de sinais contraditórios que podemos designar, à falta de melhor análise, a teoria de António Variações, só estou bem onde não estou...

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