domingo

Cavaco faz as suas "24 Horas Le Mans"...de Praga a Belém (e com maioria absoluta)

Até quando ocorrem acidentes com a Mãe Natureza Cavaco é bafejado pela sorte, o que contrasta com o paroquialismo do seu oponente na luta pelas eleições presidenciais, o poeta Alegre. Vejamos: quando se deu o 25 de Abril Cavaco vai fazer o doutoramento no estrangeiro, em nada contribui para a deposição do regime de Salazar que foi, tecnicamente, uma ditadura conservadora. Quando morre Sá Carneiro já está integrado na máquina governamental como ministro das Finanças e é uma estrela em ascenção, só faltando saber quando iria fazer a rodagem ao seu bólide na Figueira da Foz. Já em democracia plena beneficia dos milhões de contos que afluem da então CEE, cujo Tratado de Adesão Mário Soares assinou no Mosteiro do Jerónimos, ladeado por Filipe Gonzalez. Depois foi só canalizar esses milhões para estradas, pontes, hospitais e escolas. Daí nasceu uma grande classe média em Portugal que depois enriqueceu homens como Belmiro de Azevedo - que hoje, curiosamente, cunham Cavaco de "ditadores". Que maldade!!! Foi fácil governar assim, em regime de "vacas gordas". Depois lá teve o azar de perder as presidenciais para Jorge Sampaio em 1995, que só ganhou pelo desgaste de uma década de governação cavaquista. De seguida, Cavaco foi descansar para o seu retiro algarvio na vivenda Mariani, perto dum posto de combustível em Boliqueime, mas regressou para conquistar o poder nas últimas eleições presidenciais, perante um PS profundamente dividido entre o velho leão da democracia portuguesa, Mário Soares e o poeta Alegre. Ódio político que ainda hoje se mantém e cuja f(r)actura será apresentada por Soares ao poeta. Agora Cavaco é bafejado pela sorte, e tem oportunidade de, ante o luto da Europa na sequência da morte da elite polaca, de fazer as suas 24horas Le Mans de Praga até Lisboa por via terrestre. Selando, assim, e no plano simbólico, a sua maioria absoluta nas próximas presidenciais, ante a terrível falta de planeamento político do PS - que ficou refém de um poeta que um dia pensou ser político e não percebeu que foi enganado. Tudo isto contrasta com o provincianismo sedentarista do poeta Manuel Alegre que apenas saltita de estação de tv em estação de tv - aproveitando os tempos de antena - para promover os seus livros, o que constitui uma profunda injustiça relativa aos autores portugueses que esbarram com as maiores dificuldades quando pretendem editar os respectivos trabalhos, e muitos são, seguramente, bem mais interessantes do que a poesia e as "estórias" deste deputado parvenu que a democracia portuguesa alimenta há umas boas décadas sem nenhuma contrapartida. Ou seja, enquanto Cavaco anda envolvido em missões politicas e empresariais que promovem a economia nacional e emprestam visibilidade a Portugal e aos portugueses, procurando aí potenciar as parcerias empresariais, o poeta procura vender os seus livrinhos através das tvs que, indevidamente, dão tempo de antena ao poeta. Este contraste é tão patente que Cavaco pode-se até dar ao luxo de só apresentar a sua (re)candidatura presidencial em 2011, porque o PS com este candidato coxo a Belém não só já perdeu como também está a penhorar a acção política do governo em funções, a minar o terreno ao seu líder e a criar um clima de divisão interna que fará ao PS, a prazo, os mesmos males de que o PSD tem sofrido desde que Durão Barroso executou a sua fuga para Bruxelas numa manobra não muito diferente destas 24H Le Mans de que hoje Cavaco arrecada os benefícios, seja em temos políticos como simbólicos para o imaginário colectivo.
Ante este colete de forças sobre Sócrates não é de estranhar que o autarca da capital apoie o poeta, não apenas para lhe pagar o favor político pelo apoio a Lisboa como também assim vê mais facilitado o seu caminho para S. Bento.
Diogo Freitas do Amaral, apoiado pelo PS a Belém, seria, hoje, o único actor político na reserva capaz de interferir com esta trajectória política ascendente de Cavaco a Belém.
E é isso que o PS, tristemente, ainda não vislumbrou.

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