sexta-feira

O Futuro

O futuro é uma criatura em potência que nunca sabemos como irá desenvolver-se e comportar-se consigo própria e em sociedade. O futuro é, pois, uma tremenda incerteza. Como a nossa economia e os agentes económicos nas relações entre si. É um animal. Mas para que tenhamos uma ideia de plenitude do futuro teremos de possuir uma consciência do tempo, o que permite organizá-lo em direcção a um destino diferente se não tivéssemos essa consciência. O qual nos permite apresentar o futuro como algo predeterminado, mas como algo que podemos modelar, como barro. Surge, assim, o futuro moderno, manipulável, marcado pela ideia de superação de males sociais, através de projectos de sociedade, de ideais, de utopias (que são as realidades de amanhã). E daqui irrompe a esperança de que a ciência e a tecnologia são molas fundamentais de aperfeiçoamento da humanidade. Todavia, o futuro é hoje termendamente plural, diversificado, regista inúmeras ligações económicas e sociais, políticas e ambentais, em parte irreversíveis e à escala mundial, planetária cuja regulação parece repousar nas alterações climáticas, nas catástrofes naturais - e em todo o agir humano, mas nunca como ele o havia pensado à partida. Portanto, o futuro torna-se múltiplas coisas ao mesmo tempo: modas, tendências, progresso, inovação tecnológica, comportamento concorrencial, amanhãs que cantam, amanhãs que choram. Nunca como hoje existiu tanto futuro por futurar, o problema é que o futuro acaba por crescer de forma não previsível, escapando ao molde, como diria Umberto Eco. E hoje ele comporta mais ameaças do que oportunidades. Em face disto urge perguntar se o futuro tem futuro?! E qual é a função da utopia na reformulação dos dados do problema, tal qual se colocam hoje às sociedades europeias. O futuro, como diria DI, significa que as coisas podem mudar. Cabendo ao papel teórico das utopias a representação dessas possibilidades emergentes, só que em vez de o homem prognósticar o futuro, a antecipação utópica deve ser equacionar a ponderação dos possíveis futuros. Haverá sempre o risco, como prova a história de previsão do futuro, de aparecerem homens como H. Khan, o super-homem da futurologia, que esboçou um conjunto de prognósticos que não passam de poeira: não existem controlos eficazes do apetite e do peso; nem luas artificiais a iluminar a Terra durante a noite. Isto também prova que não podemos depositar uma confiança cega nas capacidades futuras das tendências tecnológicas que estavam em moda na altura em que muitas dessas previsões foram realizadas. O único futuro que conhecemos é, em rigor, o presente. Explicito: o presente passado!!!

Nota: Imagine-se a angústia do ministro das Finanças a tentar compor o ramalhete que é o Orçamento de Estado para 2010 - com um Estado gordo, ineficiente e parasitado por 3 milhões de pessoas (os 700 mil directos mais os indirectos) e ainda muito improdutivo, com algumas excepções em certos sectores da AP e de direcções e delegações regionais. Faz lembrar a manta do Bocage: quando tapa a cabeça destapa os pés, e quando tapa os pés, destapa a ...