quinta-feira

"Amor com amor se paga"

O antigo Presidente da República Mário Soares recusou hoje comentar a candidatura de Manuel Alegre às presidenciais por considerar "inconveniente entrar nessa discussão". DN
"Neste ponto, estou de acordo com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, de que é muito cedo falar disso, é inconveniente entrar nessa discussão porque isso distrai-nos do essencial", afirmou Mário Soares aos jornalistas.
No entender do antigo chefe de Estado, "isso é um problema que se vai pôr daqui a uns largos meses".
Inquirido sobre se o PS deveria avançar com um candidato, Mário Soares escusou-se a comentar, mas argumentou: "não tenho nada que me pronunciar sobre isso, sou um militante de base do PS".
Sobre uma eventual divisão no seio do Partido Socialista face à entrada de Alegre na corrida a Belém, Soares mostrou-se convicto de que tal não vai acontecer.
"Debates dentro do PS, há debates com certeza, vai haver e deve continuar a haver, mas dividido não. Não tenho receios, aliás, não sou de receios", disse.
Obs: O dr. Soares, ex-PR, sempre olhou para o seu compagnon de route, o poeta Alegre, como uma espécie de seu secretário pessoal, que jamais lhe faria frente em qualquer circunstância política, muito menos na corrida a Belém - contra a qual Soares foi humilhado pelo próprio poeta, o tal "secretário" de Soares... Hoje, e porque Soares tem memória de elefante, só se esperava do ex-Chefe de Estado que omitisse e/ou desvalorizasse a proto-candidatura de Alegre que - só ele e alguns correligionários levarão a sério. De resto, Alegre - por ser mais poeta do que político com alma de estadista, já deveria ter percebido que a sua imposição no terreno pondo-se em bicos de pés no circo mediático - para que o apoiem a Belém é um elemento pernicioso na nossa agenda política, e em nada contribui para extirpar a crise social, económica e financeira em que nos encontramos. Esta auto-imposição parece que só beneficia o umbigo do poeta, e para homem de cultura, convenhamos, também deixa muito a desejar. Ninguém preside a um país com quase um milénio de história com o umbigo...