quarta-feira

Câmaras aumentam despesas em anos de eleições

As câmaras municipais portuguesas aumentam as despesas e o investimento em obras públicas nos anos de eleições autárquicas, o que acaba por favorecer a reeleição de quem é presidente da Câmara, segundo as conclusões a que chegaram dois investigadores das universidades do Minho e de Cambridge.
Jornalista da TSF, Nuno Guedes, resume os argumentos dos investigadores que qualifiquam esta situação de «oportunismo político»
As câmaras municipais portuguesas aumentam as despesas e o investimento em obras públicas nos anos de eleições autárquicas.
A conclusão surge num estudo feito por investigadores da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e da Faculdade de Economia da Universidade de Cambridge (Reino Unido).
O trabalho publicado em Setembro nas duas universidades analisa as contas oficiais das 278 câmaras municipais de Portugal Continental entre 1979 e 2005, publicadas pela Direcção-Geral das Autarquias Locais.
Em média, as "despesas de investimento" (quase sempre relacionadas com obras) crescem 10,45 por cento em anos de eleições autárquicas e os défices municipais também tendem a aumentar.
A esta "manipulação" das despesas camarárias os autores do trabalho chamam "oportunismo político" - em ano de ida às urnas, os presidentes de câmara tentam apresentar mais "competência" ao eleitorado.
À TSF, Francisco Veiga, um dos autores do estudo, sublinha que há excepções, mas em média as câmaras municipais e os autarcas tendem a aumentar as despesas em ano de eleições. Uma tendência que se sente, sobretudo, nas chamadas despesas de investimento.
O investigador da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho explica que «há muitas situações em que esta despesa aumenta e em vários municípios este crescimento acontece em quase todos os anos de eleições».
Nas despesas de investimento, uma das rubricas que mais aumenta em ano de eleições autárquicas está relacionada com «viadutos, arruamentos e obras complementares», como as tradicionais rotundas. Parece existir, explica Francisco Veiga, «uma tendência para aumentar a despesa em investimentos que produzam algo de visível para o eleitorado».
Os investigadores das universidades do Minho e de Cambridge sublinham que este aumento das despesas em época eleitoral favorece a reeleição dos presidentes de câmara, com mais votos para o partido que lidera a autarquia. Nuno Guedes
Obs: Este estudo parece vir descobrir a pólvora... São verdades de La palice, basta andar pelas ruas das nossas cidades para intuirmos essa realidade. Mas se tentarmos aplicar esse esquema mental apertado à capital, por exemplo, ele não funciona já que o estado financeiro em que António Costa recebeu a tesouraria da autarquia das mãos gastadoras de santana lopes torna inoperacional aquele argumento, ainda que seja notório um esforço de realização de obras públicas no termo de cada mandato. O que também sucede no âmbito dos mandatos legislativos.
Há quem plante palmeiras na Figueira da Foz, em Lisboa há quem procure resolver os problemas do passivo da autarquia e projectar as grandes políticas públicas municipais para o futuro da capital.