Certos políticos evocam-me o "paradoxo" do Burro de Buridan

Na política, na economia, na sociedade e na vida das organizações em geral há actores que revelam a mesma indeterminação, desde logo pelas palavras e formulações que encontra para apresentar as suas ideias. Cavaco, no seu discurso d' hoje, acabou por revelar o paradoxo do burro de Buridan, não foi claro, entrou em flagrante contradição, introduziu areia na engrenagem e, com isso, tornou-se no principal fautor de instabilidade política nacional.
Mesmo sendo preferível adiar decisões até que se disponha de mais e melhor informação - hoje os portugueses constataram que aquele adiamento do esclarecimento do PR só redundou num conflito institucional ainda maior entre Belém e o Governo.Cavaco, consciente ou inconscientemente, acabou por se colocar no papel do burro de Buridan ao não saber falar claro, chamar as coisas pelos nomes e, razão maior, estabilizar as relações politico-institucionais entre os órgãos de soberania.
Numa palavra: Cavaco está cada vez mais isolado e é o principal virús do sistema político, por isso pode não conseguir terminar o seu mandato.
O ressentimento acumulado do PR na sequência do diferendo acerca do Estatuto dos Açores, da derrota da sua amiga Manuela Ferreira Leite está hoje a consumir a mente envelhecida e pouco sagaz daquele que deveria ser o principal elemento estabilizador do sistema político português.
<< Home