Santana Lopes e a política do pastelinho de bacalhau no American Club
Primeiro usou e abusou do nome de Sá Carneiro, como quem deseja compulsivamente apropriar-se da história sem curar de perceber que a forma como o fez culmina numa certa patologia política;
- Depois percebeu que não poderia fazer o mesmo parasitismo político com a imagem e o nome de Cavaco Silva, porque este detesta-o e até mandou tirar a sua imagem dos cartazes onde Santana aparecia em comum na campanha das últimas eleições legislativas - que perdeu para Sócrates;
- Como cai(ria) mal a Santana pendurar-se em Paulo Portas, líder do partido menor com quem irá fazer o contrato (ou o trato) em Lisboa, Santana agarra-se ao túnel do Marquês que serve todos aqueles que pagam impostos noutros concelhos (Oeiras e Cascais) como tábua de salvação para a sua campanhasinha em Lisboa.
Voilá, o (pobre) legado de Santana lopes.
Mas para uma pessoa que não hesitou em ser Primeiro-Ministro duma república de forma algo monárquica, não me espanta.
Contudo, o grande problema de Santana é de ordem psicológica, ou melhor, o seu drama assume uma faceta shakespeareana.
Explicito: Santana pediu o espelho de PM e a imagem devolvida foi um rosto feito de políticas em declínio; antes disso, o espelho da capital tinha mostrado três coisas: bancarrota na autarquia, caos urbanístico e megalomania e elevados índices de corrupção cujas práticas depois se prolongaram pelo mandato frágil do seu sucessor, Carmona Rodrigues.
Hoje é o mesmo santana que volta a pedir o espelho sem, contudo, se aperceber de duas coisas:
- 1. Que as pessoas têm memória e não são parvas;
- 2. Que o espelho devolve uma imagem pouco credível e que aquilo que o motiva nada mais é do que as sombras e o pesar que ninguém vê. Um pesar político que se avoluma em silêncio numa alma politicamente torturada.
Mas tal não impede que Santana vá ao American Club, embora desconfie que o seu verdadeiro apetite não lhe permita sequer comer o tal pastelinho de bacalhau, porque tudo, afinal, não passa de mais uma encenação.
Aliás, o American Club nem sequer serve pastelinhos de bacalhau...
<< Home