sexta-feira

Lisboa(s)

Aproveitando a cerimónia de homenagem a Sampaio - António Costa, pragmático como é, não perdeu tempo e reiterou o mote de campanha de 2008: Unir Lisboa. E se há 20 anos isso foi possível com Sampaio - criando aí uma viragem útil para Lisboa e os seus munícipes - 2009 poderá ser um tempo novo para encarar essa solução de convergência PS-PCP para Lisboa - fazendo face à coligação de direita PsD-cds. Mas do lado do PCP há uma amarra que se prende com uma resolução do último Congresso - o tal do Campo Pequeno - que impede o partido de coligações com o PS - que responsabiliza pela crise no País. E feito este linkage, estabelecido este grau de condicionalidade, a coligação ficará mais difícil, embora até ao Verão a crise ainda pode fazer a Soeiro Pereira Gomes mudar de ideias. Seja como for, a liderança de António Costa neste ano e meio de mandato é credível, demonstrou que sabe fazer omeletes com poucos ovos e gerir e executar em contexto de grande turbulência, desde logo financeira pelo pesado fardo herdado pelo passivo gerado pela magalomanias de Santana Lopes e pelo "travões" do Tribunal de Contas. Só por esta razão, o eleitorado reconhece valia em António Costa e na sua equipa - que também tem pago grande parte das dívidas aos credores. À direita temos os piores candidatos possíveis: um Santana enfraquecido que nem Ferreira leite verdadeiramente apoiou, que se serviu de Lisboa para trampolim, e um cds sem expressão sociológica na cidade que envergonharia a memória de Nuno Krus Abecassis. Dois nados-mortos, portanto. Sem ideia nem projecto para a cidade, apenas querem discutir lugares. E Santana já disse que só ficaria se for eleito Presidente, portanto já perdeu antes das eleições arrancarem. O BE dissolveu-se com o Zé - agora Louçã terá de arranjar outro "zé", de preferência que seja fiel ao projecto que não existe no BE. Ruben de Carvalho é como aqueles "crocodilos" ao sol, acumulando energia, conhece a cidade mas aguarda a melhor altura para "atacar" o banquete. Talvez lá para Maio já comece a dar de si, dando sinais que o PCP fica mais realista aproximando-o, por isso, do projecto de renovação em curso na cidade liderada por António Costa. Resta aqui uma peça fora do baralho, Helena Roseta - que ainda é uma incógnita ou talvez "bloque". Tudo visto e somado, António Costa - virtualmente - já ganhou na medida em que estando na liderança hoje partilhou essa disponibilidade política de federar a esquerda - encontrando na história o eficiente precedente de Sampaio em 1989. Na pior das hipóteses, caso o PCP fique inamovível - dos escombros da direita e da fragmentação da esquerda-caviar do BE na capital - a força que mais e melhor contribui para executar as principais políticas públicas municipais é, sem dúvida, o PS.